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Salgueiro emociona a Passarela do Samba ao exaltar a malandragem
Lucia Mello em 12 de Fevereiro de 2016
Segunda escola do Carnaval 2016 do Rio de Janeiro a desfilar na Sapucaí, no final deste domingo (8), o Salgueiro emocionou ao cruzar a avenida com um desfile extremamente popular, abordando o enredo "A Ópera dos Malandros". Depois de dois vice-campeonatos seguidos, a escola praticamente assumiu o favoritismo neste ano, principalmente depois de apresentar seu samba, que caiu no gosto do povo e é considerado um dos melhores do ano.
Ao longo de sua passagem, conquistou o público com seu refrão forte e samba-enredo de apelo popular, tratando de relações humanas e questões urbanas. O desfile gerou empatia também pelas referências a religiões de matriz africana.
A comissão de frente, por exemplo, abriu caminhos para o povo da rua, de onde saíram os malandros reinando na noite. Uma entidade --o exu malandro-- pedia licença com pombagiras e Zé Pelintras para a chegada de figuras da ralé e também da elite. As baianas, que vieram caracterizadas como na ópera "Carmen", também ostentavam características da pombagira.
Viviane Araújo, rainha de bateria, interpreta malando Max Overseas
Com o desfile ainda no início, mesmo antes de colocar todas as suas alas na avenida, o Salgueiro lançou mão de um zepelim inflável, conduzido por componentes que o seguravam por cordas no chão. O balão "sobrevoou" algumas alas até chegar à bateria, em uma releitura da música "Geni e o Zepelim", da peça "Ópera do Malandro", de Chico Buarque. O zepelim fez o recuo junto com a bateria.
No Carnaval do Salgueiro, os ritmistas vieram de cor-de-rosa, com máscaras de traços femininos, representando a personagem Geni. Já Viviane Araújo, rainha da bateria, desfilou em uma fantasia "masculina", interpretando o malando Max Overseas, que tem uma relação de paixão e traição com Geni na história. A atriz fez uma análise animadora sobre a folia: "Salgueiro tem tudo para ganhar. Foi um desfile impressionante. Tivemos uma resposta muito positiva do público."
Sobre um tripé, o ator Aílton Graça passou sambando ao lado da passista Cris Alves. Os dois repetiram a cena que chamou atenção nos ensaios da escola e trocaram beijos durante o espetáculo, a caminho da praça da Apoteose. Contrastando com esses veteranos da avenida, a funkeira Ludmilla fez sua estreia na Sapucaí, como musa da vermelho e branco.
A escola mostrou o diálogo entre a tradição salgueirense e a carioquice, juntamente com aspectos da cultura negra. "O malandro é uma figura muito cara à nossa comunidade. A aceitação ao enredo foi imediata", afirmou Gustavo Melo, diretor cultural do Salgueiro e integrante da equipe que elaborou o enredo.