VOCÊ NO SAMBA / Galerias

  • Arquibancadas lotadas aguardam Maria Bethânia e a Mangueira

    Redação em 14 de Fevereiro de 2016

    Vivendo seu maior jejum de títulos --não conquista o campeonato desde 2002--, a Mangueira trouxe, ao mesmo tempo, uma fórmula de sucesso e uma aposta ousada para voltar ao protagonismo do Carnaval carioca. Campeã diversas vezes homenageando grandes nomes da cultura nacional, como Monteiro Lobato, Braguinha, Dorival Caymmi, Carlos Drummond de Andrade e Chico Buarque, a verde e rosa levou para a Sapucaí o enredo "Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá". 


    Por outro lado, comandando o barracão, estava um estreante no Grupo Especial, o carnavalesco Leandro Vieira, que em 2015 foi responsável pelo desfile da Caprichosos de Pilares, no Grupo de Acesso. "Sempre me interessei pela música brasileira e, ao acertar minha vinda para a Mangueira, trouxe a ideia de retratar a vida e obra de Bethânia na avenida. Um tema com a cara da escola", explicou o carnavalesco. 

    A combinação agradou ao público, que ficou até o final para acompanhar a última escola do Carnaval 2016 no Rio e chegou a invadir a pista ao fim do desfile, com gritos de "é campeã!". "Foi um desfilaço", comentou Vieira, já na dispersão. "Agora é ver o que os jurados acharam. Fiz tudo que podia, foi muito tempo de trabalho. Não é fácil fazer um Carnaval da Mangueira, mas valeu a pena, deu tudo certo. Fazer um enredo sobre Bethânia é mole, ainda mais para quem é fã como eu, que passei a vida inteira ouvindo as músicas dela. Foi perfeito".


    A Mangueira abriu o seu desfile trazendo a contribuição do candomblé para a formação da personalidade de Maria Bethânia, que é filha de Iansã (também conhecida como Oyá), batizada por mãe Menininha do Gantois. A comissão de frente trazia justamente mulheres africanas reverenciando Oyá, que dançava no alto de um tripé. 

    O abre-alas também foi dedicado à devoção de Bethânia ao candomblé, com a parte frontal dedicada a Iansã e a traseira a Oxum, orixá de mãe Menininha. As alas seguintes e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira também homenagearam o candomblé. "Amei o desfile. Foi lindo poder fazer parte dessa homenagem a Bethânia, ainda mais com enredo do meu marido", disse a porta-bandeira Squel, fantasiada de iaô, os filhos de santo que ainda não terminaram sua iniciação. "É uma história linda, uma grande emoção", contou ela, que usou uma prótese de silicone alemã para simular a cabeça careca e gastou entre quatro e cinco horas para ficar pronta.


    A religiosidade católica do Recôncavo Baiano, terra natal da cantora, foi exaltada no segundo setor da escola, com uma profusão de imagens de santos, em especial Santa Bárbara e São João. Os patuás, balangandãs, rosários e contas também se fizeram presente, inclusive na fantasia das baianas, muito tradicional e dourada como os altares das igrejas da Bahia. 


    Os Brasis que Bethânia expressou em sua voz ganharam alas no terceiro setor da escola, que homenageou o Nordeste, o folclore, as raízes indígenas e negras. Destaque para o carro representando o show Opinião, em que a cantora interpretou "Carcará", pássaro que adornava a alegoria e as fantasias das passistas à frente do carro. 


    Um dos carros da Mangueira trouxe amigos e familiares de Bethânia, com seu irmão, Caetano Veloso, em destaque 

    A sequência do desfile trouxe os principais sucessos imortalizados na voz de Maria Bethânia, como "Fera Ferida", "Explode Coração", "Mel", "Esotérico" e "Oração à Mãe Menininha". O carro Abelha Rainha trouxe uma profusão de amigos e familiares da cantora, entre eles seu irmão Caetano Veloso, seu sobrinho Tom Veloso, a apresentadora Regina Casé, os cantores Chico César, Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan e Ana Carolina e as atrizes Renata Sorrah e Lúcia Veríssimo.


    "A Mangueira é minha escola do coração, a Bethânia é minha ídola (sic), então você pode imaginar", comentou Adriana Calcanhotto depois do desfile. "E é a primeira vez que eu desfilo. Essa conversa da Mangueira com a MPB é maravilhosa". 


    A verde e rosa encerrou o seu desfile apresentando Santo Amaro da Purificação em um carro simbolizando o circo, que tanto encantou Bethânia na infância, e com a própria homenageada como destaque, radiante e dançando. "Explode coração!", brincou Bethânia em entrevista à Globo, após o desfile. "Estou que não sei dizer. Emoção muito grande. Primeiro da Mangueira me escolher. Mas eu sou filha de Oyá, é mais para ela do que para mim". Ela contou que adorou vir no carro do circo e que não viu o público invadindo a pista ao fim da apresentação porque tem "pânico do Carvalhão [o guindaste usado para levar e trazer os destaques dos carros]". 




ANUNCIANTES






SIGA O Ti Ti Ti!

#TITITIDOSAMBA