VOCÊ NO SAMBA /

  • "O Império nas águas doces de Oxum" é o enredo que será desenvolvido pelo Império da Tijuca

    Lucia Mello em 24 de Maio de 2016

    Na noite desta segunda-feira, 05 de maio, o Presidente Tê, e sua diretoria entregaram a sinopse aos compositores e apresentaram o novo Presidente da Ala dos Compositores, Alexandre Moreira, que já passou algum de seus projetos para a ala, e já marcou a primeira reunião.
    Segue a sinopse:
    Leia a sinopse do enredo:
    Império nas águas de Oxum!
    Carnavalesco: Júnior Pernambucano
    Pesquisa e texto: Marcos Roza
    Brilha a nossa coroa!
    Em comunhão:
    "Olorum, através do Sol, aquece a água dos oceanos;
    Oxumarê, com seu arco-íris, leva a água em forma de vapor para as nuvens;
    Iansã as agrupa com o vento que sopra do balanço de suas saias;
    Xangô lança a pedra de raio sobre a terra e
    Odudúa prepara seu ventre para receber a chuva - o líquido maravilhoso da vida.
    "O momento sublime acontece. A chuva cai e com ela toda força do céu. Odudúa
    absorve todo líquido, em seu ventre, no interior da terra e a água acumulada se enche de
    Ouvimos os murmúrios das águas... Odudúa abre seu ventre e dá vida à majestosa
    Oxum, que brota do solo e desliza sobre seu leito a essência da magia e beleza.
    Como imaginávamos que fosse,
    Com fertilidade a terra se formou.
    Vinda da sabedoria à procriação,
    A poesia do tempo nos trouxe:
    Oxum, a mãe da água doce.
    No caminho sagrado à mitologia iorubá, na terra onde nasceram os orixás, Oxum é rainha das águas. Vive no caudaloso rio que leva o seu nome. Lá, benditas são suas águas, suaves ou corredeiras, dos rios e das cachoeiras ao sentimento incomum de purificação, que banham a cidade de Oxogbô - território que compreende o sudoeste nigeriano e um pequeno trecho do leste do Benin - hoje, um dos principais locais de culto a Oxum, na África.
    Que sua essência resplandece.
    Assim, como diz a lenda do rei Larô sobre a criação do Templo de Oxogbô:
    Fez, das margens do rio, a sua morada,
    Pelas águas de Oxum, sua filha foi levada...
    Não sei se por encanto ou magia,
    E reaparece, na beira do rio, toda enfeitada.
    Larô agradece no ato.
    Entre cânticos e orações, funda seu Templo
    E celebra um pacto:
    Na comemoração do Reino de Oxum,
    Serei eu, o rei Ataojá,
    À frente do cortejo, em homenagem
    A Oxum no país de Iorubá.

    Sua docilidade nos transforma, vai além de suas águas puras e calmas.
    Seus mitos resignificam o nosso sentimento no corpo e na alma.
    É dada a Oxum a missão de salvar a aiê (terra), personificada numa ave encantada, que voa em direção ao sol para suplicar a benção de Olorum. Compadecido da "pobre ave", ele devolve a chuva à terra. Renascem do solo os alimentos, tudo ganha vida.
    Percebemos o quanto é querida...
    Sempre discreta, mesmo em seus aspectos mais aguerridos,
    Seu comportamento doce e sedutor predomina.
    Assim, Oxum conquista poder e sabedoria.
    Aprende no reino de Exu os segredos da magia.
    Sábia, Oxum o desafia:
    Não é a você que pertence o poder da adivinhação?
    Então, descubra o que trago em minha mão.
    Exu, sem perceber, entra numa embaraçosa situação.
    Dengosa e de mansinho,
    Sem demonstrar sua ambição,
    Oxum descobre os mistérios dos búzios
    E toda a sua tradição.
    Outro destino lhe é dado.
    Os amores de Oxum vão dando conta do recado.
    Tudo lhe parecia fácil...
    Até quando, de repente, seu coração é fisgado.
    E disputa com Obá,
    O amor de Xangô,
    Por ela tão desejado.
    Ogum, Oxossi e Orunmilá
    Apaixonaram-se pelos encantos dessa doce iabá.
    Ao ponto em que os maus tratos de Xangô
    Levaram até Exu a lhe cortejar.
    Conta-nos a lenda que da torre do castelo de Oió,
    Transformou-se numa "pomba dourada"
    E de lá voou para com Exu se casar.
    Mas, diante dos dados reais da vida, Oxum é rainha de fé. Recebe atributos e poderes no rito do candomblé. Sua origem é iorubá e sua nação Ijexá: é deusa-mulher que renasce do ventre de Iemanjá, é deusa-menina filha preferida de Oxalá. Exaltando vaidade e beleza, Oxum é pássaro, é peixe, é a força da natureza e o poder
    feminino na sua mais profunda realeza.
    Ela, quando manifestada, apresenta-se vistosa, perfumada, enfeitada, admirando-se em seu abebê (leque-espelho). Seu gesto, sua dança, assim como a inocência de uma criança, reforçam nosso elo... Ora ieiê ô! Saudamo-la banhando-se, num ato singelo, vestida de branco e amarelo.
    É num sábado de lua crescente o melhor dia para lhe oferecer presentes. No balaio de Oxum vão pulseiras, perfumes, espelhos e até pentes... Mas não nos esqueçamos de bebidas, mel, flores, doces, frutas e do omolocum - um tipo de iguaria, também do agrado de Oxum
    Associada a elementos de aspectos maternos e angelicais, "Oxum é a divindade mãe de muitos filhos e ligada miticamente à cabeça, símbolo do útero e do poder feminino de gestação. Rege o ventre, o parto e cuida das crianças recém-nascidas nos primeiros passos de sua evolução.
    No culto de origem africana, Oxum é mãe de Logunedé - rei das matas e das águas doces. No âmbito dos terreiros, seus filhos e filhas alcançam destaques em vários "cargos" (funções rituais). São Odu Oxê, ialorixás, ogãs, iabassê, iátebexê...São muitas as ialorixás de Oxum e numerosas as que se destacaram no panorama das
    religiões afro-brasileiras.
    Suas ialorixás
    São sua memória,
    Preservam seu fundamento e sua história.
    Mãe Menininha do Gantois,
    É uma que, no culto aos orixás,
    Seguiu sua trajetória.
    Aqui, o sincretismo religioso enreda-se pela maternidade e mistérios como seu tema.
    Oxum fertiliza-o e apresenta-nos como um poema:
    Sou Oxum!
    Mãe, deusa da boa hora.
    Façam de um samba,
    A minha oração.
    Como a doçura de uma aurora
    Dou-lhes minha benção:
    Sou Oxum! Vossa Padroeira,
    Sou Oxum! Nossa Senhora da Conceição
    Carnavalesco: Júnior Pernambucano
    Pesquisa e texto: Marcos Roza
    LIMA, Luís Felipe de. Oxum: a mãe da água doce; Pallas, 2012.
    GLOSSÁRIO
    Olorum é o Senhor Supremo.
    Oxumarê é deus do arco-íris.
    Iansã é a deusa do vento.
    Xangô é o senhor da justiça e dono dos raios.
    Oxum é a nossa homenageada: a mãe da água doce.
    Odudúa significa o nascimento dos iorubás.
    Axé representa a força e a energia do orixá.
    Iorubá representa a origem dos orixás.
    Orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza.
    Oxogbô é o nome da cidade, na Nigéria, onde fica o "Templo de Oxum" e onde,
    anualmente, acontece o Festival de Òsún nas margens do rio do mesmo nome.
    Larô é o nome do rei que protagoniza a lenda de criação do "Templo de Oxum" em
    Ataojá é nome recebido pelo rei Larô após o pacto com o rio. Ele conduz o cortejo em
    homenagem Òsún no país de Iorubá - durante as comemorações à mãe d’água.
    Exu é deus-orixá do caminho e mensageiro dos orixás.
    Jogo de búzios é uma das artes divinatórias das religiões de tradição africana.
    Obá é uma das esposas de Xangô.
    Ogum é deus da guerra e do ferro.
    Oxossi é rei das matas.
    Orunmilá é o deus da adivinhação.
    Iabá representa os orixás femininos.
    Oió é o reino de Xangô.
    Ijexá é o nome da nação e do ritmo preferido de Oxum.
    Abebê é o leque-espelho de Oxum.
    Ora ieiê ô é uma saudação a Oxum. Significa "ore" (bondade), "ieiê" (mãe ou mamãe)
    e "ô" interjeição exclamativa.
    Balaio de Oxum é uma cesta de presente destinada a Oxum.
    Omolocum é comida de Oxum. Feito com feijão fradinho bem cozido, mexido até ficar
    com consistência pastosa, ao qual se acrescenta um refogado de azeite de dendê, cebola
    ralada, camarão seco moído e sal.
    Logunedé é filho de Oxum com Oxossi, é rei das matas e das águas doces.
    Odu Oxê é o zelador da casa de santo.
    Ialorixá é a zeladora espiritual.
    Ogãs têm a função de tocar os atabaques e demais instrumentos da orquestra ritual.
    Iabassê é responsável pela cozinha da casa de santo.
    Iátebexê é quem tira as cantigas dos orixás no momento das festas.
    Mãe Menininha do Gantois era filha de Oxum e uma das sacerdotisas mais respeitadas
    do culto afro-brasileiro da Bahia.
    Sincretismo religioso é um fenômeno que consiste na absorção de influências de um
    sistema de crenças por outro. Isto ocorreu no Brasil, por exemplo, quando os escravos
    africanos cultuavam seus orixás associando-os aos santos católicos.



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