VOCÊ NO SAMBA /

  • Laíla pede que compositores não citem orixás em seus concorrentes

    Lucia Mello em 24 de Maio de 2016

    Beija-Flor de Nilópolis entregou na noite desta terça-feira a sinopse do enredo que levará para a Avenida em 2015. ''Um griô conta a história: Um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade'' é o título do tema, que abordará a participação do negro na origem do mundo e toda a sua influência para a evolução da humanidade.
    Cerca de 80 pessoas, entre compositores e integrantes de outros segmentos, compareceram à quadra da Deusa da Passarela para conferir o pontapé inicial do processo de uma das disputas de samba enredo mais aguardadas do carnaval carioca. O enredo será desenvolvido pela comissão de carnaval chefiada pelo diretor geral Laíla, que pediu aos poetas a não inclusão dos nomes dos orixás nas composições.
    - Ano passado tivemos o Salgueiro, que fez um enredo muito bem desenvolvido sobre a África e o samba era belíssimo. Mas solicito, e será tratado como erro, qualquer samba que abordará a parte espiritual e também dos orixás. Se colocar qualquer orixá será tratado como fora do enredo. Temos que procurar novos caminhos - requisitou Laíla.
    Além da leitura da sinopse e a explanação do enredo, os presentes tiveram acesso também ao texto de introdução e também a justificativa que será entregue aos julgadores no dia do desfile. Novo integrante da comissão de carnaval da Beija-Flor, o compositor e historiador Cláudio Russo irá formar a equipe ao lado de Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Alves, André Cezari e Bianca Behrends. De acordo com Laíla, ele teve participação decisiva na elaboração do texto e será importante na análise dos sambas concorrentes, já que venceu diversas vezes na escola.
    Quem também esteve presente foi o presidente da agremiação, Farid Abraão David, que reiterou sua confiança na comunidade nilopolitana.
    - Quero desejar boa sorte aos compositores e agradecer aos presentes. Temos um grande enredo pela frente e precisamos mostrar a nossa capacidade já comprovada ao longo do tempo. Nossos componentes têm muita garra e determinação, e precisamos continuar com essa forma de fazer carnaval. Somos especialistas nisso. Que os compositores possam fazer as grandes obras que estamos acostumado a ouvir e a Beija-Flor tenha uma disputa acirrada. Podem ter certeza que o nosso grupo de trabalho vai fazer um grande carnaval.
    Outro pedido de Laíla teve como alvo a comunidade da escola. O diretor geral de carnaval solicitou que os componentes da azul e branca ouçam com bastante calma cada samba antes de declararem sua preferência. O tira-dúvidas entre os compositores e a direção de carnaval acontecerá no dia 09 de julho. Já a entrega das obras concorrentes está marcada para o dia 04 de agosto, data em que também serão sorteadas a ordem de apresentação e a chave de cada samba.
    Carnaval 2015
    “Um Griô Conta a História:
    Um Olhar Sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial
    Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade”

    INTRODUÇÃO
    Para conseguirmos entender o que fomos e o que somos, é necessário
    que se conheça a herança da África no Brasil e a África que ficou do outro
    lado do Oceano.
    A história da África – ou melhor, das várias Áfricas, faz parte da
    história do Brasil. É importante para nós, brasileiros, porque ajuda a
    explicar e entender a nossa história. Mas é importante também, por seu
    valor próprio, e porque nos faz melhor compreender o grande continente de
    onde proveio quase metade de nossos antepassados.
    A importância e a magnitude da África é algo tão impressionante,
    que por mais que se fale de África com frequência, o tema é tão rico, que
    parece não se esgotar nunca; permanece despertando a curiosidade e o
    interesse de pessoas comuns e estudiosos.
    No passado, as tribos regionais, com suas tradições e costumes,
    despertaram o interesse de distintos povos europeus, que em busca de
    especiarias, terminaram por fomentar o tráfico de escravos.
    Hoje, ao revisitar o sofrido continente africano, nossa proposta
    principal é mostrar que é possível sim ter esperança de que um povo
    massacrado, cansado e desiludido, seja capaz de renascer, aos poucos, com
    sonhos vigorosos, planos precisos e metas concretas; projetando uma nova
    África, ou uma nova perspectiva para a África, calcada no progresso
    propiciado pelo “ouro negro” e nos ideais de unidade, paz e justiça,
    reafirmados tal qual um mantra.
    Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade, porque neste
    carnaval, os caminhos da África nos conduzem à Guiné Equatorial.


    Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos,
    André Cezari, Bianca Behrends e Claudio Russo

    Departamento de Carnaval e Comissão de Carnaval




    Carnaval 2015

    “Um Griô Conta a História:
    Um Olhar Sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial
    Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade”


    SINOPSE


    A conversa que ora inicia, poderia muito bem versar sobre religião e
    a fé em nossos ancestrais ou, quem sabe, sobre liberdade e este verde sem
    fim; alguns poderiam dizer que é o passado que se revela do outro lado do
    Mar Tenebroso, ou por que não a África animista por natureza em sua
    história de exploração, luta e dor. Esta conversa é tudo isso e um pouco
    mais, diálogo entre um pequeno filho da Guiné Equatorial e um Griô, um
    ancião, senhor do passado, mais um daqueles sábios que guardam, de pai
    para filho, a história viva do continente africano, e mais precisamente, de
    seu povo.

    A criança, olhos fixos no velho homem, não deixa passar um detalhe
    sequer, e o contador de histórias, em um tom tranquilo, porém com a voz
    firme, devaneia... Declama... Recita... o livro aberto da memória:

    Foi num tempo primitivo, no albor de toda raça, sob um verde
    inimaginável, que nossa gente surgiu. Foi muito antes deles chegarem, os
    brancos, em seus grandes barcos, guiados pela mais voraz ambição,
    sedentos de ouro e de gente, nossa gente!

    Antes era tudo verde, toda vida, tambores e tribos...

    A natureza pulsava em cada elemento; as raízes das árvores
    entrelaçavam-se com a nossa raiz, e crescíamos , vivíamos e cultuávamos a
    liberdade, cada um com sua fé. Os ritos refletiam a força e a ligação do
    povo com a natureza, e a Ceiba, árvore sagrada da vida, testemunhou cada
    momento do florescer de nossa história.









    Mas um dia, esta paz sucumbiu... Eles chegaram rasgando o Mar
    Tenebroso, e com as marés trouxeram a cobiça, sua força e seus costumes
    tão diferentes das nossas tradições; eles sangraram os corações de nossos
    ancestrais!

    Falavam outra língua, buscavam riquezas... Escravizaram homens,
    mulheres, crianças... Em nome do Rei de Portugal.

    A jóia da Coroa era a Casa da Guiné...

    E do litoral, nossas mães observaram, onda após onda, seus filhos
    vendidos... Quantos reis comerciados, escravos por um trocado, objetos da
    opressão, no mercado de gente, mercadoria humana.

    Mas a grandeza de nossa terra atrai outras bandeiras da maldade, e a
    engenharia da ambição ergue a sua companhia, leva o continente negro,
    através de nossa cultura, por um oceano de mágoas. Os filhos da África
    constroem a evolução da humanidade; o sangue negro foi a argamassa do
    edifício da escravidão.

    Papéis assinados, destinos trocados, nossa terra por um tratado:
    “Habla Espanhol”!

    A raça negra, que transpiramos em cada poro, resiste, enfrenta a dor,
    não se entrega jamais, e a cada grilhão, nos tornamos mais fortes; a cada
    opressão, a cultura se manifesta.

    Nada é mais degradante do que a ausência da liberdade!

    Nada é mais libertador do que a força de um povo!

    Menino, nós temos sangue dos Bengas! Somos herança do reino
    Bubi! Corremos nas terras Fang!

    Temos influência de Oyó!

    A África é a Mãe da Humanidade!







    Filho, o suor negro construiu a civilização moderna. Enquanto a
    empresa da escravidão possibilitou o acúmulo de riquezas, nosso mar de
    gente sangrou os mares. Ah! Quantos Zumbis, quantos Mandelas surgiram
    aqui no Golfo da Guiné? Nossa gente ensinou ao mundo o perfeito
    significado da palavra liberdade...

    Senhor! (Fala a criança): E agora que eles foram embora?

    O Grió aponta para o Mar e diz:

    O que você vê?

    O Oceano!

    E depois?

    O horizonte!

    A África hoje enxerga o horizonte da reconstrução, respeitando a
    história daqueles que resistiram, observando a luta de quem um dia venceu
    a dor; símbolos de um continente desapropriado de grande parte de sua
    gente, mas acima de tudo, um continente guerreiro.

    A nova face da África se lança rumo ao progresso; respeita a
    natureza, mas se engrandece com as riquezas que afloram deste chão.

    Nova face em meio a grande floresta e a imensidão do mar em que se
    encontra a Guiné Equatorial; o país que emerge da Costa da Guiné, terra
    intimamente ligada à história do Brasil, vivendo o presente, como nação
    amiga e ansiando um futuro de unidade, paz e justiça.

    Meu filho, orgulhe-se desta raça, de sua dignidade e sua
    contribuição para a humanidade! Lute, pois lutar sempre foi nossa verdade,
    para que assim, “caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”.


    Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos,
    André Cezari, Bianca Behrends e Claudio Russo

    Departamento de Carnaval e Comissão de Carnaval




    Carnaval 2015

    “Um Griô Conta a História:
    Um Olhar Sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial
    Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade”


    JUSTIFICATIVA


    África: a paisagem que mais parece uma miragem. Aquela imensidão
    verde, deslumbrante, intocada, hipnotizante. A força da selva e a
    importância de Ceiba, a Árvore da Vida.
    As frondosas raízes das árvores se confundem, se misturam, se
    mesclam com as origens de nossos ancestrais, e com todo o legado por eles
    deixado.
    Com a tez escura como o ébano, nativos e guerreiros de tribos
    primitivas, guardiões dos costumes e dos ritos tradicionais, preservam as
    informações, as práticas, as estórias e os costumes, que são registrados
    através da oralidade, na memória e nos corações dos homens. Totens,
    máscaras, carrancas, esculturas, peças de marfim e técnicas específicas,
    como a taiba, são alguns dos símbolos diversos que cruzaram o oceano a
    propagar uma cultura magnânima.
    Diferentes povos demonstraram interesse em explorar, colonizar e
    extrair as riquezas da terra, destacando-se as investidas europeias, onde
    marcaram presença portugueses, holandeses, franceses, espanhóis e
    ingleses; sendo o Golfo da Guiné, o berço da herança cultural deixada pelos
    medievais reinos tribais dos Benga, dos Bubi e pelos clãs Fang,
    Ao explorar o Golfo da Guiné, Portugal, na busca pelo caminho das
    Índias, coloca a Formosa Bioko nos mapas europeus. D. João II de
    Portugal, proclamado Senhor da Guiné, junto com os portugueses, inicia a
    colonização das ilhas de Bioko, Ano Bom e Corisco, convertendo-nas em
    postos destinados ao tráfico de escravos.
    Na travessia do Mar Tenebroso, enjaulados em sombrios navios, e
    acorrentados à grilhões e às lembranças da terra natal, negros serviçais,
    humilhados, desacreditados e açoitados, terminam por se dispersar pelo
    mundo. São braços fortes, construtores, massacrados pelos opressores;
    pobres sofredores à mercê da sorte e da vontade de seus mercadores.







    Um ode à liberdade anuncia o grito de independência: rompam-se as
    algemas! Abaixo a dominação! De braços dados, revela-se uma nação
    fraterna, ávida por união. Paralelamente à uma África antiga, primitiva,
    rústica, observa-se o despertar de uma nova face da África. Nascida na
    história recente, revela-se expoente a Guiné Equatorial.
    Dotada de rica biodiversidade, com belezas naturais estonteantes e
    riquezas minerais abundantes, fauna e flora revelam as diferentes nuances
    da Guiné que saltam aos nossos olhos, refletidas em cores e estampas,
    tecidos e sabores, no ritmo, no gingado e nos penteados, que imprimem à
    essa gente uma negritude de traços tão marcantes.
    Na iminência de completar meio século, a Guiné Equatorial é uma
    região de solo fértil. A terra, generosa, produz gêneros agrícolas diversos:
    cana-de-açúcar, café, cacau, banana, abacaxi, abóbora, milho, mandioca e
    algodão, são apenas alguns dos produtos que engrandecem a agricultura e
    brotam desse chão!
    A extração de madeira, a existência de diamantes, e a descoberta do
    “ouro negro”, com o conseguinte fomento do petróleo, ocorrem com
    demonstrações de respeito ao meio ambiente.
    Empenhados em promover o encontro das bandeiras de duas nações
    fraternas, num majestoso festejo popular, onde a língua portuguesa é
    apenas mais um elemento de afinidade, objetivamos consagrar o enlace
    cultural entre o Brasil e a Guiné Equatorial, brindando os ideais de unidade,
    paz e justiça.
    Abordando as distintas influências, sem discriminação, cantemos
    liberdade! E “Caminhemos sobre a trilha de nossa imensa felicidade”.




    Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos,
    André Cezari, Bianca Behrends e Claudio Russo

    Departamento de Carnaval e Comissão de Carnaval














    SETORIZAÇÃO INICIAL
    CARNAVAL 2015


    SETOR 01 – ABERTURA
    A Árvore da Vida e a Floresta Equatorial Africana

    SETOR 02
    África – O Berço Negro do Mundo – Tradições e Realeza

    SETOR 03
    Rota para as Índias – O Caminho das Especiarias – A Descoberta de um Novo Território

    SETOR 04
    As Investidas Européias em Terras da Guiné

    SETOR 05
    A Cultura de um Povo Atravessa o Mar Tenebroso - Navio Negreiro

    SETOR 06
    Guiné Equatorial – A Ascensão de uma Nação

    SETOR 07
    O Enlace Cultural Entre o Brasil e a Guiné Equatorial





    Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos,
    André Cezari, Bianca Behrends e Claudio Russo

    Departamento de Carnaval e Comissão de Ca



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