VOCÊ NO SAMBA /

  • Imperatriz entrega sinopse com festa oferecendo um churrasco para a ala de compositores e convidados

    Lucia Mello em 24 de Maio de 2016

    A Imperatriz entregou na noite desta segunda-feira a sinopse do seu enredo para o Carnaval 2013 ''Pará - O Muiraquitã do Brasil - Sob a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia".
    O tema que será desenvolvido pelos carnavalescos Cahê Rodrigues, Mario Monteiro e Kaká Monteiro vai falar sobre o Pará, estado do Norte do Brasil.
    Com festa na quadra e uma churrascada a Imperatriz Leopoldinense apresentou os novos carnavalescos Cahê Rodrigues e Kaká Monteiro, e a rainha de bateria Cris Viana.
     A gravação e apresentação dos sambas concorrentes acontecem no dia 29 de julho, a partir das 10h, na quadra. Já disputa começa no dia 05 de agosto.

    Confira a sinopse da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2013 sobre o Pará

    "Sob a nudez forte da verdade, um manto diáfano da fantasia."
    (Eça de Queiroz)

    Bateu com o pé direito no chão com mais força, depois cuspiu para frente! Pronunciou duas ou três vezes com voz rouca:
    Hê, hyá, hyá, hyá, e seguiu dizendo:

    Cúara tece o inicio do dia
    É de manhã!
    O oby tinge a retina dos olhos de quem vê
    Chocalho de cobra, onça pitada, ariranha, garça branca e guará!
    Cheiro de mato.
    É o Uirapuru quem canta primeiro.
    Levo as mãos à pedra verde: Dê-me a sorte oh Muiraquitã!

    O ibitu sopra o destino das águas
    Faz o verde do aningal se apekúi
    Por de trás da folha verde se vê o povo Tupinambá!
    No corpo, seu manto sagrado de pena
    Na alma, a incorporação do poder de um gavião real!
    Festança de índio, dia para ritual!
    É Karajá, Tapajó, Kayapó, Arara, Araweté, Munduruku e Assurini.
    Sou morubixaba de tudo que se vê por aqui!

    No verde encontrei riqueza, "jóia" de índio!
    A riqueza que "karaiba" gostou:
    O sabor do açaí, a fibra do cupuaçu, tucumã, taperebá e bacuri.
    Peixe do rio, caroço da inajá!
    É meu, mas eles querem!
    A cobiça cruza nossas águas em barco grande
    Os olhos do Mapinguari vê
    A boiúna faz as águas se apekúi
    É gente que chega! Gente de todo canto
    A taba pinta o corpo pra luta

    Tupã faz o céu roncar!
    Tá guardado no seio da natureza a riqueza que eles procuram
    De tudo um pouco eles querem levar
    Do ouro da serra à seiva que escorre
    da ferida no tronco da árvore
    Faz seus olhos brilharem!

    A "fortuna" que a borracha do tempo ainda não pode apagar!
    Tá aqui até os dias de hoje
    Em fachada de casa
    Em cristal de lustre que "alumeia" a beleza do theatro.

    Até hoje é assim!
    Pra falar de riqueza pelas bandas daqui,
    tem que voltar pra floresta
    O dono da terra é quem ensina como é que faz
    pra lidar com a natureza
    Pois é dessas matas que as sementes colhidas
    vão enfeitar outros chãos.
    Dar adeus a floresta nativa, ser polida, jóia cabocla...
    sonho de artesão.

    Nesse dia, quando o homem aprender com a gente daqui,
    a natureza respeitar
    Todo povo vai sair na rua pra cantar.
    Nas terras do Marajó, Santarém ou em Belém.
    Nossa gente vai festejar:

    Traz jambú, camarão seco, tucupi e mandioca.
    Oferta a toda gente o tacacá!
    Leva o Boi pra rua
    Faz festa pra saudar o Boto!
    Põe a Marujada pra dançar!

    Saia de roda e estampa florida
    Roda menino, gira menina
    Canta a ciranda mais bonita
    Dança o Carimbó e o Siriá!
    "Treme" o Povo do Pará!

    O artesão fez a sua peça mais bela para ofertar:
    Cestaria, cerâmica, um trançado de juta
    Da cabaça ele fez cuia, do Miriti arte para brincar!

    O Romero ergue as mãos
    Fita com os olhos o azul que tinge o céu.
    A santa ouviu a prece do caboclo:

    Outubro se faz agora!
    Meu povo já está na rua
    Do altar do carnaval se avista o andor e a berlinda florida
    A voz do povo faz o canto ecoar mais uma vez
    Quem pede é o folião,
    Por hoje, romeiro de fé:

    Oh Santa!
    Dai-me nas Cinzas desta quarta-feira,
    O caminho para mais uma vitória
    E uma alegria para a vida inteira!

    O Pará, seu sabor, seu cheiro, sua gente, suas tradições,
    estão na Avenida.
    É a Imperatriz quem lhe apresenta aos olhos do mundo:
    No futuro, um exemplo a ser seguido.

    Carnavalescos:
    Cahê Rodrigues, Kaká e Mario Monteiro

    Pesquisa e texto:
    Cahê Rodrigues e Leandro Vieira

    GLOSSÁRIO:
    Hê, hyá, hyá, hyá - Canto tupinambá
    Cuara - sol
    Oby - verde
    Ibitu - vento
    Apekúi - alvoraçar
    Morubixaba - cacique, chefe da tribo
    karaíba - homem branco
    Mapinguari - Mapinguari tem o corpo todo coberto de pelos, com a aparência de um enorme macaco. Possui um único olho na testa e uma boca gigantesca que se estende até a barriga.
    Boiuna - Cobra grande
    Taba - Aldeia, Lugar
    Muiraquitã- Espécie de amuleto da sorte para os índios
    Kayapos, Mundurucu,Asirini, Tapajós, Tupinambás:
    Tribos Indígenas
    O Aningal - é uma plantação característica das ilhas aluviais dos rios amazônicos, principalmente às margens dos rios e igarapés amazônicos.
    Cupuaçu,Tucumã, Bacuri, Taperebá - Frutas da região
    Jambú - É uma erva típica da região norte do Brasil, principalmente região amazônica e no estado do Pará.
    Tucupi - É um tempero e molho de cor amarela extraído da raiz da mandioca.
    Tacacá - É uma iguaria da região amazônica brasileira, em particular do Pará.
    O Síria - Dança brasileira originária do município de Cametá, localizado no estado do Pará.
    O Carimbó - A mais extraordinária manifestação de criatividade artística do povo paraense, misturando dança e canto.
    A Marujada - Uma das mais belas manifestações religiosas do folclore paraense.

    O "Treme" - é o mais recente ritmo do Pará. Uma mistura de música eletrônica misturada a outros ritmos populares do estado.
    Berlinda - Espécie de cúpula que leva a nossa Senhora do Nazaré no dia da procissão.



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