NOTÍCIAS / Tudo sobre Samba

  • Unidos da Ponte divulga sinopse carnaval 2026

    Redação em 26 de Junho de 2025

    “TAMBORZÃO – O RIO É BAILE! O PODER É BLACK!”

    GESTÃO: GUSTAVO BARROS E TIÃO PINHEIRO

    CARNAVALESCO: NICOLAS GONÇALVES

    ENREDISTA: CLEITON ALMEIDA

    O anoitecer

    “A partir de agora, o baile vai começar…”

    Com todo respeito, nosso mestre de cerimônias vai chegando para não deixar

    ninguém parado nessa jornada ritmada. Cria das batucadas, diretamente de São

    João, MC Meriti é o cara! É ele quem apresenta o nosso estilo e narra a história

    enraizada na cor, pulsante nas veias. “Pode chegar, pode chegar”, já anunciando

    que a regra é dançar.

    Então, “liberta, DJ”!

    A noite é o nosso palco. Quando a escuridão toma as ruas, quando a cidade se

    deita, nós fazemos festa. Plug-in na tomada, eis a nossa vinheta! Por aqui, “o som é

    acima do normal”! As quebradas são um reflexo do céu: são diversos astros,

    estrelas, cometas que brilham em forma de globo de espelhos enquanto se

    movimentam ao som do paredão. Nosso MC manda o papo que o subúrbio é

    luminoso, emana energia sagrada, carregada de axé. Quando o chão é riscado no

    beat, todos os nossos ancestrais riscam junto porque nosso tempo é como as

    curvas do quadril que se espirala ao ir e voltar. O tempo “desce, sobe, empina e

    rebola”!

    Nos bailes, somos majestades! Defendemos tronos e coroas porque nosso povo é

    real desde a África. Nossa produção é sonora: cantamos e dançamos para existir,

    nosso corpo precisa pulsar, o movimento nos conecta ao extraordinário.

    Nossos antepassados dançam ao som de tambores assim como nós, então não

    abrimos mão da música. E nosso ritmo negro incomoda!

    Tá ligado quantas vezes já tentaram abafar nosso grito? Sempre tentaram nos

    parar, mas a gente amplifica a mensagem em speakers porque não deixamos de

    lutar. “Afronta, é guerra” desde o couro do tambor às fiações dos mixers!

    Nossa festa é essa porque nossos ancestrais assim começaram: requebrando. E é

    no break que a gente eletriza a nossa negra filosofia. Bateria macumbeira em alta

    voltagem! Visão de cria em poesia marginal nas melodias da insurreição.

    Nosso fundamento africano é combinado às batidas frenéticas de um tambor de

    garrafa, uma artesania distorcida e acelerada com vozes a 150 BPM.

    Nosso sistema é do barulho porque nossos ancestrais são revolucionários.

    Kizomba! O baile é a nossa constituição.

    A madrugada

    “Yeah, brother”! Alta madrugada e MC Meriti continua no comando, agitando o

    templo dos nossos compassos. Ressoa na pista a banda que faz você entrar em

    uma outra vibe! O toque dos atabaques rola na atividade para "que permaneça essa

    tranquilidade na comunidade"!

    Com o microfone na mão, ele solta o verbo, fala cantando e canta falando, numa

    montagem misturada que define a estética. Nossa percussão é uma ponte do que a

    periferia foi e do que ela é, e todo baile é um inventário musical.

    Nosso sistema tem contradições porque "tristeza e alegria aqui caminham lado a

    lado", mas a gente só quer ser feliz e andar sossegado pelo complexo, “ô, ô”.

    Nossa estrutura tem as vibrações da umbigada do lundu que aqui chegou e que nos

    leva nessa “dança sensual que faz geral descer”. Ai, ai, nosso procedimento tem a

    vida dos volteios buliçosos pra mexer com tudo mais, então continuamos maxixando

    pelos fandanguassus que acontecem nesse território. E quem não cai em trololó,

    trololó? “Wow”! E o MC vai avisando que a gente se sente “so good, so good”,

    porque nossa alma ultrapassa fronteiras e está interligada pelo Atlântico Negro.

    Nosso cumprimento é uma ginga de mãos que mostra que o poder vem da nossa

    união. “Soul Black Power, porra!” é o grito que sai da garganta de Meriti. “Ha”!

    Nosso volt mix vem das batidas futuristas de Afrika Bambaataa, das frequências

    graves e sedutoras de uma eletro-voz capaz de arrepiar todas as notas do teclado.

    “Get up”!

    De Áfricas e de Blacks, nosso Rio é negro da cor da noite desde as primeiras

    batucadas até ao máximo de watts de potência que ecoa pelas caixas de som. E na

    composição dessa identidade conduzida por nosso MC, a revoada é companheira

    de baile. Tá suave fluir, beijar e “amar como ama um black”! “Oh, yeah”! Nossa

    organização é coletiva para enaltecer a beleza negra, o orgulho estiloso, o cabelo

    que coroa e a roupa que ascende.

    Nosso baile é um negro movimento pra comunidade que rala pesado a semana

    inteira para ter um pouco de diversão entre os seus. Nosso lazer é um ato político!

    Em clubes e agremiações, nossas equipes de som botam pra jambrar porque esse

    é o nosso mandamento.

    O baile de Meriti, na quadra da nossa escola, segue para a mente ficar numa boa.

    As ondas que curtimos nas rodas reverberam os toca-discos e mixers de Cash

    Boxes e Furacões!

    Nossa cultura circula como os giros de um disco de vinil em um Grand Prix, e o

    vencedor é o Black. É um “Tornado” de sensações! O “Dom” é atemporal!

    O baile é a nossa paixão!

    O amanhecer

    “Vai voltar depois das horas” e nosso tempo sincopado vai no “pum-pá-pá-pum-pá”.

    Lá vem o sol e o calor tá de matar. MC Meriti manda aumentar o volume que só está

    começando: “tá pegando fogo, tá pegando fogo… mas que fogo gostoso”! O fogo é

    uma energia ancestral!

    O baile segue sem hora pra acabar. Nosso set tem a luz, o calor, a cor e os

    movimentos das chamas fitadas na pele, na carne e nos ossos. Entre os corredores

    da galera, nosso corpo é embrasado e embrazado!

    O espírito que ecoa por baixo de viadutos, pelas ruas do morro e pelas praças da

    cidade, vai num transe mais lento que elege o nosso charme. Em uma mixagem de

    romance, dá até pra namorar no baile, mas sabendo que “um lance é um lance”.

    Nosso balanço é uma catarse de bateria eletrônica e efeitos sonoros que faz os

    atabaques serem sintetizados no tamborzão que continua rolando enquanto

    estiverem descendo até o chão. É esse loop de matrizes afro-brasileiras que

    garante que o nosso tambor vai, vai, vai e “não para, não para, não”.

    Nosso bonde segue o rebolado que queima pelas pistas de baile como o tesão de

    uma lacraia. No “vrááá!” dos leques, abanamos o braseiro para deixar arder.

    Servindo excelência negra, nosso método é respeitar o pancadão que invade os

    circuitos da alegria. Esse beatboxing é putaria!

    Nossa moda é proibidona porque mostra a realeza e a realidade da favela. Do Funk

    Brasil ao Funk Generation, o dia a dia do baile ecoa em alto-falantes mundo afora.

    Aqui toda gaiola é um estúdio de portas abertas pra liberdade! Nossa ordem é

    digital, toma conta das redes e transforma os paredões em áudios cibernéticos que

    espalham nossa negritude.

    A regra é essa, nossa arte é nossa arma. Nosso manifesto é sério como toda festa!

    Tentaram nos moldar para um estado que nos mata, mas dançamos para viver. A

    cada “trá, trá, trá!”, respondemos com “tum, tum, tum!”. Nossa disciplina é do corpo

    e do povo, e se pobre tem que trabalhar, também tem que se divertir.

    Nosso esquema tem escala na mesa do DJ, nosso ponto é batido numa tremidinha,

    numa paradinha, no movimento de uma sanfoninha, no aquecimento de uma

    maravilha. É seis batidas por uma respirada!

    O baile é a nossa instituição! E pra quem questionar, MC Meriti é “patente alta”,

    autoridade e tá dado o recado:

    “o Rio é baile e o poder é black!”



ANUNCIANTES






SIGA O Ti Ti Ti!