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Superação verde e rosa
Lucia Mello em 14 de Fevereiro de 2009
Após três meses sobre uma cama de hospital, mestre de bateria da Mangueira recebe alta e vai comandar a orquestra 'Tem que Respeitar Meu Tamborim' na Avenida. Vítima de diabetes, Taranta perdeu dedos de um pé
Rio - O coração falou mais alto. Jorge Costa de Oliveira, o Mestre Taranta, 55 anos, recebeu alta quarta-feira do Hospital do Andaraí e garantiu presença no desfile da Mangueira. Nos últimos três meses, ele lutou contra a diabetes que quase lhe custou as pernas e o fez perder todos os dedos do pé direito.
Com os curativos e de muletas, Taranta voltou nesta quinta à quadra para reassumir o comando da bateria da escola. “O meu grito de guerra vai ser ouvido mais este ano: Burucutu, ‘vamo’ que ‘vamo’”, promete. O mestre traz ânimo renovado para a Avenida: “Nos três meses na cama do hospital preparei surpresa para a apresentação da bateria. Espere para ver no desfile”.
Taranta comandou um dos momentos mais espetaculares do Carnaval carioca. Em 1984, depois de encerrar o desfile, ele mandou a bateria voltar na contramão do Sambódromo. A multidão acompanhou os ritmistas no embalo do enredo ‘Yes, nós temos Braguinha’, que daria o supercampeonato à escola. “Eu tinha de guardar os instrumentos no barracão, que era do outro lado. Mandei o pessoal voltar e o povão veio atrás”, recordou o maestro, bastante cumprimentado no reencontro com os ritmistas.
“Taranta é o último discípulo do Mestre Valdomiro no comando de uma bateria. Ele traz um ânimo danado para a escola”, afirma Mestre Bill, o presidente da Bateria da Mangueira. Na agremiação, a ala possui autonomia.
Para Mestre Marrom, os ritmistas tocarão com mais vontade. Auxiliar direto, ele é o substituto imediato. “É uma grande volta. Quando entrei na bateria em 1989, ele era o mestre. Aprendi muito com ele”, conta.
Este Carnaval é mais um grande desafio na carreira de Mestre Taranta. Ano passado, ele assumiu o comando dos 300 ritmistas a pouco mais de um mês do Carnaval, após a crise na escola que culminou com a saída de Ivo Meirelles. Mesmo assim, a bateria fez o dever de casa: perdeu apenas um décimo.
Desta vez, Taranta tem o desafio de se manter em pé à frente dos ritmistas. “Não estarei em cadeira de rodas. Ficarei sobre um carrinho que me deixará um pouco mais alto e com proteção nas costas. Os braços estarão livres para comandar o coração da escola”, afirma o mestre.