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  • Selminha Sorriso e Nilce Fran tomam posse no Conselho do Museu do Samba

    Redação em 28 de Maio de 2024

    Cerimônia aconteceu durante lançamento da nova exposição do museu

    A porta-bandeira da Beija-Flor, Selminha Sorriso, e a coordenadora da ala de passistas da Portela, Nilce Fran, são as novas conselheiras deliberativas do Museu do Samba. As consagradas sambistas tomaram posse na última segunda-feira (27/05), durante evento de abertura da nova exposição do museu. Intitulada Samba Patrimônio, a exposição abriu ao público na terça (28/05) e fica em cartaz de terça a sábado, das 10h às 17h. O Conselho Deliberativo do Museu do Samba é formado por cinco integrantes e tem como responsabilidade a formulação e implantação de políticas e projetos estratégicos voltados à preservação da memória e da cultura do samba.

    Além de Selminha Sorriso e Nilce Fran, também tomam posse outros três membros do novo Conselho Deliberativo: Carlos Ferrão, mestre em Administração Pública pela FGV-EBAPE e fundador do Pré-vestibular Social Dona Zica; Cátia Medeiros, produtora de eventos e integrante do Departamento Feminino da Estácio de Sá; e Juliano Dumani, mestrando em Patrimônio, Cultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e pesquisador nas áreas de Relações Étnico-Raciais, Estudos de Cultura, Memória e Oralidade.

    "Fazer parte do Conselho Deliberativo é um privilégio que vai de encontro a tudo o que eu penso sobre o samba e sua preservação, porque quando temos memória, temos passado, presente e futuro; infelizmente o Brasil é considerado um país de memória curta, o que é real, o que torna ainda mais especial este momento para mim, porque o Museu do Samba é um espaço sagrado, voltado para os sambistas e a perpetuação de suas histórias, um museu que pensa o samba como resistência cultural e patrimônio da nossa gente", afirma Selminha Sorriso.

    "Sou grata pelo convite para fazer parte do Conselho do Museu do Samba. A geografia do samba passa por aqui e eu, como portelense nascida no berço de Candeia, Paulo da Portela, Natalino José, de Argemiro, Ary do Cavaco, e do meu pai Wanderley, sei que estou honrando o ensinamento deles e me sinto uma célula nesse celeiro de bambas, aprendendo a cada dia. Estar no meio de tantas pessoas grandiosas só eleva o meu amor pelo samba, que é meu dom e é minha vida", emocionou-se Nilce Fran.

    "Selminha e Nilce Fran são símbolos de representatividade e da força feminina do samba, são mulheres pretas, reconhecidas por sua arte, seu engajamento cultural e pelos projetos sociais que implantaram em suas escolas de samba; os demais membros são profissionais com experiência em gestão e pesquisa, além de serem igualmente comprometidos com a valorização do samba e suas lutas sociais", afirma Nilcemar Nogueira, fundadora do Museu do Samba.

    *Museu inaugurou esta semana uma nova exposição, intitulada Samba Patrimônio *

    Aberta ao público na última terça-feira (28/05), "Samba Patrimônio" é a nova exposição do Museu do Samba e entra na grade de mostras fixas da instituição localizada no bairro de Mangueira, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A exposição tem como proposta inserir o visitante na atmosfera do samba carioca e contar um pouco da história social por trás do samba-enredo, do partido alto e do samba de terreiro. Para seguir nessa viagem, o Museu do Samba expõe itens característicos da indumentária e do ritmo do samba, além de prestar homenagens a sambistas ilustres de agremiações carnavalescas e rodas de samba e mapear a geografia do samba no estado do Rio.

    "Samba Patrimônio é mais que uma exposição, é um ambiente de acolhimento, pensado para despertar o sentimento de pertencimento e inspirar uma sociedade mais integrada, democrática, e que reconheça a riqueza desse patrimônio cultural. É uma mostra que celebra a identidade do sambista, exalta suas lutas e reconhece a força cultural e social do samba", explica Nilcemar Nogueira, fundadora do Museu do Samba.

    *Ineditismo* - A maioria das peças da nova mostra foi doada à instituição pelos próprios sambistas e suas famílias e fazia parte da reserva técnica do museu, ou seja, daquela parte do acervo guardada longe dos olhos do público e ainda inédita. Roupas e acessórios típicos do visual do samba ganham destaque com itens como o exuberante colar de crioula da cantora Alcione e a guia de orixás do compositor Arlindo Cruz. Os chapéus panamá de Monarco e Tia Surica da Portela, o sapatinho bordado de Dona Zica da Mangueira, e o sapato bicolor de Wanderley Caramba, compositor da Estácio de Sá, também marcam presença, exibindo o estilo inconfundível da tradição que virou marca registrada do samba.

    No mesmo setor, um painel de madeira presta homenagem a oito baluartes conhecidos pela elegância e originalidade em se vestir, caso de Mestre Dionisio, fundador da Escola de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, de Tia Nilda, presidente da ala das baianas da Mocidade Independente de Padre Miguel, de Zé Catimba, compositor da Imperatriz Leopoldinense, Djalma Sabiá, fundador do Salgueiro, Carlinhos Brilhante, lendário mestre-sala da Vila Isabel, do compositor Tiãozinho da Mocidade e, ainda, Nelson Sargento e Dodô da Portela. Ao tocar na foto do artista, a imagem gira como uma janela que se abre, tornando visível uma mini biografia de cada homenageado.

    *Ritmo e poesia* - No espaço dedicado ao ritmo, à música e à poesia do samba, estão expostos o repique de mão de Ubirany e o pandeiro de Bira Presidente, os irmãos fundadores do bloco carnavalesco Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, símbolos das inovações rítmicas e melódicas do gênero no início da década de 1980. A essa valiosa "bateria", se juntam o tarol de Mestre Ciça, veterano mestre de bateria da Unidos do Viradouro, e o imponente agogô de 22 bocas de Ciro do Agogô, junto com a fantasia que o percussionista da Unidos de Vila Isabel usou no desfile de 2004.

    Garantindo a harmonia, o histórico violão do compositor Cartola é uma das preciosidades da exposição. Ao seu lado, o manuscrito de 'As rosas não falam', um dos maiores sucessos do mestre mangueirense. Os Estandartes de Ouro do compositor Aluísio Machado, do Império Serrano, autor do antológico samba-enredo "Bum Bum Paticumbum Prugurundum", de 1982, também ganham destaque.

    *Geografia do samba e resistência* – A exposição Samba e Patrimônio passeia ainda pelo mapa da Geografia do Samba no Rio de Janeiro, apresentando ao visitante a localização das escolas de samba e das principais rodas de samba da cidade do Rio de Janeiro e sua Região Metropolitana, Niterói e Baixada Fluminense. Estão listadas 19 rodas, como Beco do Rato, Candongueiro, Samba do Trabalhador, Feira das Yabás, Tia Doca, Tia Gessy e Samba da Dida. Além das escolas que desfilam na Marquês de Sapucaí e na Estrada Intendente Magalhães, o mapa aponta ainda locais de referência para a história do gênero, como Pedra do Sal, Igreja da Penha, Largo do Estácio e Cidade do Samba.

    Samba e Patrimônio relembra também um ato de resistência protagonizado por Candeia: a fundação, junto com Neizinho, Wilson Moreira e Mestre Darcy do Jongo, do Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, em 1975. O lendário compositor da Portela afastou-se de sua escola de samba do coração, criticando fortemente as inovações trazidas pelas agremiações nos desfiles e a falta de valorização do sambista e suas tradições. A bandeira original do GRANES Quilombo faz parte da mostra, que conta detalhes desta história de resistência.

    *Sambistas Pintores* – Uma agradável surpresa da nova mostra do Museu do Samba é a presença de duas telas, em estilo arte naif, pintadas por sambistas que também foram artistas plásticos. São eles Wanderley Caramba, célebre autor de sambas de terreiro, e Nelson Sargento, eterno baluarte da Estação Primeira de Mangueira. Wanderley e Nelson integraram o grupo Pintores do Samba, fundado em 1984 e composto ainda por Guilherme de Brito, Heitorzinho dos Prazeres e Sérgio Vidal.

    *Créditos e patrocínio* – A exposição Samba Patrimônio é patrocinada pelo Ministério da Cultura, por meio do Ibram – Instituto Brasileiro de Museus, com verba de emenda parlamentar da deputada federal Benedita da Silva.

    A exposição tem idealização e curadoria de Nilcemar Nogueira e Nathalia Basil, com pesquisa de Juliano Dumani, Camila Reis e Annanda Baptista. O projeto expográfico é

    de Lilian Sampaio.

    *SERVIÇO*

    Exposição Samba Patrimônio

    Local: Museu do Samba

    Endereço: Rua Visconde de Niterói, 1296 – Mangueira

    Horário: de terça a sábado, das 10h às 17h

    Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada) – Grátis para estudantes da rede pública

    *SOBRE O MUSEU DO SAMBA*

    O Museu do Samba foi declarado Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro por meio da Lei 10.360/24, de autoria da deputada estadual Dani Balbi e sancionada em 6 de maio de 2024 pelo governador Claudio Castro.

    Seu acervo é composto por mais de 45 mil itens e é o maior do Brasil especializado no gênero. Localizado na rua de acesso ao Morro de Mangueira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o Museu do Samba oferece uma rica e variada programação cultural e educativa, com exposições fixas e sazonais, eventos musicais, gastronômicos e multimídia. Possui ainda um Centro de Documentação e Pesquisa do Samba e uma coleção audiovisual com mais de 160 depoimentos originais gravados por grandes nomes da história do samba e do carnaval exclusivamente para o museu.

    Fundado em 2001 pelos netos do compositor Cartola e sua esposa e baluarte da Mangueira Dona Zica, o museu nasceu com o nome de Centro Cultural Cartola. Em 2016, o local foi rebatizado com o nome atual e ampliou sua atuação. O dossiê que levou o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a conceder às Matrizes do Samba do Rio de Janeiro o título de Patrimônio Cultural do Brasil foi elaborado pelos pesquisadores do museu, com a coordenação de Nilcemar Nogueira




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