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  • Rosa Magalhães e União da Ilha do Governador

    Lucia Mello em 20 de Abril de 2009

    É impossível pensar em qualidade no carnaval moderno sem lembrar de Rosa Magalhães. Uma das mais valorosas discípulas da dupla Arlindo e Pamplona, alçou vôos mais altos no início da década de 80, quando, com Lícia Lacerda, assinou "Bum Bum Paticumbum Prugurundum", um dos mais mágicos momentos que a Sapucaí já viu e que deu ao Império Serrano seu derradeiro campeonato. Na Estácio de Sá, surpreendeu com "Tititi do Sapoti" (ainda em dupla com Lícia), "O Boi dá Bode" e "Um, dois, feijão com arroz", desfiles onde deu um show de leveza e bom humor. Após breve e marcante passagem pelo Salgueiro, Rosa chegou à Imperatriz Leopoldinense, escola onde já havia feito o carnaval de 1984. Na verde e branca de Ramos, a artista firmou seu nome dentre os monstros sagrados do carnaval. Mais do que ser carnavalesca, Rosa ajudou a moldar de vez a identidade da Imperatriz. Uma escola aguardada pelo carnaval irretocável, de bom gosto, luxo e detalhismo Após cinco campeonatos e desfiles memoráveis, tudo dava a entender que a parceria seria eterna.
    Mas, como dizia o poeta, o casamento foi eterno enquanto durou. Após o decepcionante carnaval 2009, a conta do fracasso da "campeã do ensaio técnico" caiu na conta de Rosa Magalhães. A dispensa foi inevitável. Uma parceria de 18 anos, desfeita. A carnavalesca estava livre para poder negociar com a escola que quiser. Uma artista em busca de novos desafios. De sonhos que a motivem. 
    Nisto surge uma escola de samba que, após um longo e tenebroso inverno de oito anos, está de volta ao Grupo Especial. União da Ilha do Governador, uma das mais queridas e irreverentes agremiações de nosso carnaval. A personificação do espírito carioca: leve, de coração aberto e sorriso no rosto - identidade plantada lá no comecinho dos anos 70, por uma colega de barracão de Rosa no Salgueiro: Maria Augusta.
    O interesse insulano surge. Do interesse, a paquera, o namoro. E, finalmente, na quinta-feira passada, Rosa e União da Ilha assumem seu relacionamento. Que terá mais um ingrediente: o jovem e talentoso Jack Vasconcelos - que nunca escondeu de ninguém ser fã e seguidor de Rosa.
    O que esperar desse casamento? Qual Rosa veremos na avenida? A Rosa leve, brincalhona e bem humorada da Estácio e de alguns momentos da Imperatriz, como os dos carnavais de 1993 e 2003?. Ou a Rosa luxuosa, com babados e pompons de 1995 e 2000? E a Ilha? Como virá? Será a Ilha alegre,  colorida dos anos 70 e 80 ou a do fim dos anos 90, quando renunciou às suas características, perdeu o bonde da história e a vaga cativa no Grupo Especial?
    Nos dias de hoje vemos costumeiramente as características das escolas sendo moldadas e subtraídas com a troca de carnavalescos. Este é um risco assumido pelo medo de desagradar dos jurados - cada vez mais reféns da pasteurização de fórmulas de desfile. Porém, não acredito que isso acontecerá na União da Ilha. A oportunidade de voltar ao Grupo Especial e ter uma artista como Rosa Magalhães comandando seu barracão é única. É a hora da União da Ilha se reencontrar com suas características, trazendo a alegria e o romantismo que o Grupo Especial tanto sente falta. É a vez de Rosa Magalhães resgatar a alegria de carnavais anteriores e que foi perdida nos últimos anos. Pelas fotos que vi na imprensa após a assinatura do contrato, acho muito difícil me enganar. Há muito não via um sorriso tão aberto e sincero no rosto de Rosa Magalhães. A União da Ilha marcou um golaço em sua indigesta luta de permanecer no Grupo Especial. Rosa Magalhães tem peso diante do corpo de jurados, tão cruel com quem abre desfile. Por mais modestas que possam ser as condições de trabalho de uma agremiação há tanto tempo ausente do desfile principal, não creio que a tricolor seja bombardeada nos quesitos plásticos como foi o Império Serrano neste ano. Fica a pergunta: com Rosa conseguirá a União da Ilha romper o principal tabu dos últimos anos? Afinal, a última vez em que uma escola subiu do Acesso, abriu o desfile de domingo e permaneceu no Especial foi a Caprichosos, em 1998. Uma proeza e tanto. Principalmente se lembrarmos que isso aconteceu nos bons e velhos tempos em que subiam e desciam duas escolas.
    Fonte: Anderson Baltar (Carnavalesco) 



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