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• Rio de Janeiro estreia no circuito mundial do Dia da Música

  Lucia Mello em 15 de Junho de 2012
  
  
  

  Em rede com a “Fête de La musique”, que acontece em mais de 450 cidades do mundo, Festival Santa Música ocupa ruas do centro com 250 artistas no dia 16 de junho
  A Roda de Produção, empresa chancelada pela organização “International Fête de La Musique Network”, sensibilizou milhares de pessoas no ano passado e a estreia do Rio de Janeiro no circuito mundial da música está marcada para 16 de junho, sábado. Ocupando Lapa, Praça Tiradentes e todo o Rio Antigo, serão quatro estações musicais, uma rua de cortejos, 36 shows e mais de 250 músicos envolvidos.
  A “Festa da Música” – ou “Faça a Música” - acontece também em Paris, onde a ideia surgiu, e em outras 450 cidades do mundo. Um estudo apontou que um a cada dois franceses tocavam algum instrumento e isso inspirou a criação da Fête de La Musique, que teve sua primeira edição em Paris, em 1982. “Resolvemos convidar essas cinco milhões de pessoas para as ruas, para mostrarem seu som”, explica Maurice Fleuret, idealizador do movimento que se tornou o primeiro evento de música ao vivo mundial, já realizou 30 edições e hoje funciona como modelo para realizadores culturais do mundo inteiro.
  A música é o elo comum dos 116 países que participam desta celebração. Os concertos são todos gratuitos e a produção do festival fornece uma plataforma para as pessoas que gostam de fazer música, do profissional ao aspirante que está procurando uma oportunidade de experimentar as suas habilidades. Os músicos doam seu tempo livre para exercer o mais puro prazer de tocar, apoiado por um pequeno exército de voluntários.
  Além do line up oficial, muitas surpresas vão acontecer no “Feito por todos”, programação paralela com adesão de músicos e casas noturnas da Lapa que estão preparando uma programação especial para o dia da música. “Queremos promover um dia de festa pela música e sua expressão, pelo que alguns chamam de arte, outros de amor, e outros ainda, em toda sua simplicidade, simplesmente de música. Queremos  dar o primeiro passo para que o festival torne-se cada vez mais espontâneo”, declara Lina, do coletivo Santa Música.
  Em plena época de discussões ambientais, como a Rio + 20, o Santa Música engrossa o coro contra a poluição e promove também parcerias ambientais, com o Rio Sustentável. “Temos ações diferentes em cada evento, dependendo da estrutura do lugar. Mas uma é fixa: o ‘Eu sou catador’, em que as catadoras da Coope Quintungo recolhem todo o que é jogado pelo público no chão. Elas fazem coleta seletiva e ficam com o lixo, que é rateado entre as 15 catadoras que trabalham no projeto. Antes da parceria, o rateio entre as catadoras era de 200 reais por mês. Hoje é de 600”, conta orgulhoso David Miguel, da Roda de Produção.
  Outra parceria que gera elogios é do reaproveitamento dos banners de divulgação do evento. “Em vez de o material ficar guardado, ele é reutilizado. Criamos, em parceria com a Fabricare Design, uma linha com o selo “Santa Música”. São produtos como sacolas para mercado, cases para computador, sacolas tiracolo, cases para instrumentos, cartucheiras, carteiras e porta-documentos. Todos eles serão vendidos através do site www.festivalsantamusica.com.br. A nossa ideia é, futuramente, abrir uma loja com todos os produtos”, adianta Roberto Freitas, da Roda de Produção.
  Sobre o Santa Música Faz!
  Paris está muito mais perto dos cariocas do que se pensa: as comunidades pacificadas estão se preparando para o Dia Mundial da Música desde fevereiro. Pensando na arte como elemento de transformação cultural, social, ambiental e econômico, nasce o Santa Música Faz!, uma festa livre e democrática empenhada na ocupação criativa do espaço público e na divulgação da musica como ferramenta para a paz. Além de preparar a cidade para o grande evento do Dia Mundial da Música, o projeto pretende criar um “cinturão cultural” da cidade, ocupando todas as comunidades pacificadas até 2013.
  Após levar um piano de cauda para a Mineira, cordas no Chapéu Mangueira, sopros para a Providência e música eletrônica para Prazeres, o Santa Música Faz! acontecerá mensalmente em outras comunidades pacificadas como Mangueira, Macacos, Cidade de Deus, Salgueiro, Batan, Tabajaras, Turano, Complexo do Alemão, Borel e Rocinha, impactando diretamente mais de 300 mil moradores.
  O objetivo não é apenas de aguçar a curiosidade musical dos moradores, mas também possibilitar trocas e abrir caminhos para a formação de produtores culturais locais, que possam recriar, ao longo do ano, eventos que fomentem a diversidade artística no lugar, além de emprego e renda. Em parceria com o Sebrae, 300 jovens empreendedores das comunidades pacificadas serão capacitados, formando a “Rede de Agentes Santa Música”.
  A ideia é promover uma ocupação musical nas comunidades, após as ocupações policiais (UPPs) e sociais (UPPs Sociais), e assim, aumentar a auto-estima local a partir da arte, levando uma programação diversificada e respeitando a musicalidade regional. “O projeto oferece alternativa à economia das comunidades, em práticas alinhadas ao conceito de economia criativa, capacitando lideranças locais nos princípios de produção cultural. Nesta capacitação, eles têm a noção do que é produzir um evento de grande porte. Temos alguns moradores do Chapéu Mangueira, que trabalharam conosco na edição de março e que já estão caminhando com os próprios pés. Eles são ótimos, têm tudo para serem ótimos produtores” diz David Miguel, da Roda de Produção.
  A cada edição do Santa Música, os organizadores têm mais certeza de como é preciso unir a cidade. “Com a pacificação das comunidades no Rio de Janeiro abre-se um grande diálogo com a sociedade carioca, no sentido de fazer com essas ocupações promovidas pelo Estado através de suas forças de segurança sejam definitivas. Para que isso aconteça, é necessário que o Estado e a sociedade organizada possibilitem a integração daquelas comunidades à vida da cidade e do País através da oferta de saúde, educação, cidadania e cultura. Não podemos ter uma cidade partida.”, analisa Roberto Freitas, da Roda de Produção.
  Em parceria com o poder público e com as lideranças locais, o Santa Música é uma realização da Roda de Produção Ilimitada e do Coletivo Santa Música com apoio patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e apoios da ONG Posse Reagir Hip Hop, Sebrae, Superintendência Políticas para a Juventude, Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Prefeitura do Rio, UPP Social, Sesi Cidadania, Firjan, e das rádios Sulamérica Paradiso e Mix FM.
  
  SERVIÇO:
  Festival Santa Música – 16 de junho de 2012 – Sábado
  :: PROGRAMAÇÃO ::
  ESTAÇÃO CORTEJOS, na Praça Cardeal Camara, Lapa: Afoxé Filhos de Ghandi (14h), Rio Maracatu (15h), Multibloco (16h), Hare Krishna (17h), Candombe (18h), Sinfônica Ambulante (20h) e Orunmilá (21h)
  
  ESTAÇÃO MEM DE SÁ, na Avenida Mem de Sá, 66: Edinho do Samba (13h), Samba da Pedra do Sal (14h), Rogê (15h), Cícero e convidados (16h), Karla da Silva (17h), Geraldo Junior e Terreirada Cearense (18h20), Stereo Maracanã (19h20), André Sampaio e os AfroMandingas (20h20) e Mohandas (21h30)

  ESTAÇÃO LAVRADIO, em frente ao CIEP José Pedro Varela, na Rua do Lavrádio, 133: Jefferson Gonçalves (13h), Big Joe Manfra (14h15), Beach Combers (15h30), Camará Trio (16h45), Dos Cafundós (18h), Mu Chebabi (19h15), Patricia Boechat (20h30) e Amigos da Onça (21h45)

  ESPAÇO ELETRÔNICO, na Rua do Lavradio, 71: Batalha do Real (14h30), DJ ZOD (16h), Vinil é Arte (17h30), DJ Montano (19h) e Tata Ogan (20h30)

  ESTAÇÃO VISCONDE DO RIO BRANCO, na Rua do Lavradio esquina com Rua Visconde do Rio Branco: Cristina Braga (13h), Café Irlanda (14h15), Décio Rocha (15h30), Leo Gandelman (16h45), Hare Krishna (18h), União Internacional dos Patos (19h15) e A Tampa do Baú (20h30)

  ESTAÇÃO PRAÇA TIRADENTES: Lu Baratz aCRUstico (14h45), Tai (16h), Uzoto (17h15), Rockz (18h30), El Efecto (19h45) e Posada e o Clã (21h)

  Horário: 13h às 22h
  Entrada gratuita
  Informações - facebook.com/festivalsantamusica ou www.festivalsantamusica.com.br