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“O MAESTRO BRASILEIRO NA TERRA DE NOEL... TEM PARTITURA AZUL E BRANCA DA NOSSA VILA ISABEL”.
Lucia Mello em 12 de Junho de 2014
IDEIA ORIGINAL E CARNAVALESCO: MAX LOPES
PESQUISA E TEXTO: MARCOS ROZA
G.R.E.S. UNIDOS DE VILA ISABEL
SINOPSE DO ENREDO
Carnaval 2015
Preparem-se para um grande concerto!
O maestro sobe ao púlpito, exercendo uma função primordial como “elemento de
ligação das ideias do compositor aos instrumentistas e/ou cantores1
”, e, suavemente,
ergue a batuta ao ato sublime que transcende a essa dualidade e se lança aos encantos da
regência sinfônica, inscrita “dentro de parâmetros do imponderável, da mítica, da aura
que acompanha o artista e determina a sua sonoridade2
”.
Sua regência é mais que um gesto, ruma-nos à poesia dos sons, traduz das partituras a
emoção da formação de um povo, a genialidade espontânea da criação, a musicalidade
orquestrada à inspiração de significativas apresentações que provêm do canto e do balé.
Numa relação humana onde o elemento principal é a música, o maestro Isaac
Karabtchevsky transforma a Sapucaí num palco e rege o enredo do meu samba: “O
Maestro brasileiro na terra de Noel... Tem partitura azul e branca da nossa Vila Isabel”.
Em tons graves, agudos, altos ou baixos...as notas musicais saltam dos instrumentos.
Afinam-se cordas, metais, sopros, percussão... Os efeitos sonoros vão criando uma
incrível e mágica sonoplastia... E de uma forma livre e espontânea, o prelúdio se inicia.
Tudo pronto. Ouvimos o terceiro sinal. Deixem-se contagiar pelos sentidos da música.
Peguem seus libretos, o espetáculo vai começar!
Na forja do destino, um momento divino: “Faunos” entoam seus sons cristalinos.
Envolvidos pela poesia, a saudade aperta em nosso peito. Em tempo de inspiração, os
“retratos da vida” são o cocar da cultura do nosso Brasil. De um índio, bravo nativo,
chamado Guarani – que se veste de paixão e luta para conquistar seu grande amor.
Viajamos pelo canto do “Uirapuru” e descobrimos cada pedacinho desse chão.
Do “Concerto da Floresta” ao sertão brasileiro, seguimos pelos trilhos do “bachiano
menino” a todo o vapor. Pulsantes sejam o “canto da alma caipira” e o “canto da nossa
terra”, aventuras de meninos moleques e de seus coloridos papagaios, a matriz da
genuína cultura brasileira!
“Corremos pelas partituras de mãos dadas com notas musicais” ao requinte de sinfonias
clássicas, barrocas e românticas. Suítes, sonatas, concertos...embalam, musicalmente, as
“Quatro Estações” dos fenômenos da Natureza; enredam-se pelo amor shakespeariano
de “Romeu e Julieta”, pelas aventuras de “Fígaro”, o astuto criado da velha Sevilha, e
protagonizam um conjunto de revelações e disfarces num festivo e simbólico “Baile de
Máscaras”. Seus sons, ainda entrelaçam-se às nuances, aos detalhes, às “cores” que a
voz consegue, sem possibilidade de confronto, reproduzir, navegando por entre mares
de compassos, declamações líricas à ousadia do capitão, o que carrega uma maldição
por desafiar “Satanás” a bordo de um “O Navio Fantasma”.
Um momento esplêndido: o maestro reduz seu gesto à proporção justa. Expressa o
máximo com o mínimo...respira com a orquestra! Um espetáculo à parte. Allegro,
avante... Seu realismo fantástico cruza as fronteiras da criação com a regência da Nona
Sinfonia de Beethoven!
Entre românticos arcos de flores, a “Sagração da Primavera”!
Linda é a bailarina, princesa, camponesa que, ao som da sinfonia, reflete o brilho de
raro esplendor do “Lago dos Cisnes”. Não há quem não se emocione com a majestosa e
exuberante coreografia, aventurando-se, sob muitas formas, diante do “fogo sagrado” de
“La Bayadère”. Nem com “Balé de Bolshoi”, com o “Quebra Nozes” e com tantos
outros... É girando na ponta dos pés que a orquestra revela a emoção da “arte dos
passos”.
Nossos olhos, sem mais prova, atestam, deslumbrados, um magnífico espetáculo.
Diante do que se vê, sopranos e tenores entoam da arte teatral: a ópera, voz encenada
em drama musical. Castelos, histórias de amor, contos e fábulas...faces do imaginário,
um tom magistral de sonhos em sintonia com a vida.
Ó magia! Sob a partitura azul e branca, tudo soa, recebendo, em si, o sopro que do
Brasil ecoa. Vem, meu “povo do samba”, desfrutar dessa música boa, de um “Aquarius
Concerto”, ao solo de um pandeiro e renascer das cinzas nos versos de um “senhor
partideiro”: Martinho da Vila. Vem com a Vila Isabel, com seu reduto de bambas que
“não quer abafar ninguém3
”, “só quer mostrar que faz samba também4
”.
Ideia Original e Carnavalesco: Max Lopes
Pesquisa e texto: Marcos Roza
1
HAAG, Carlos. Maestro fala da ligação histórica da música popular com a erudita e conta que foi a voz
que o ensinou a reger. Pesquisa FAPESP, São Paulo, Entrevista, edição 181, 2011.
2
Idem
3
ROSA, Noel. Palpite Infeliz, 1935.
4
Idem.