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‘O CHÃO DO SAMBA’ SERÁ EM DEBATE NO CCBB DIA 16 DE AGOSTO
Lucia Mello em 15 de Agosto de 2011
Rimar trabalho e folia não deve ser nada fácil. Por isso, desde 17 de maio, o Centro Cultural Banco do Brasil, em parceria com o Ministério da Cultura, vem realizando no Teatro I, a partir das 18h30, uma vez por mês, o ciclo de debates “Carnaval, que festa é essa?”. Com entrada franca – senhas distribuídas sempre uma hora antes dos eventos –, o projeto reúne intelectuais e bambas que analisam a festa além dos desfiles, propiciando assim uma visão contemporânea do carnaval brasileiro.
O próximo encontro, amanhã, dia 16, terá como tema “O chão do samba” e contará com as participações da porta-bandeira do GRES Beija-Flor de Nilópolis, Selminha Sorriso, e de Nilce Fran, coordenadora da Ala de Passistas da Portela, cujas palestras serão mediadas pelo jornalista Aydano André Motta. Como é o tratamento dado aos sambistas, como veem o Carnaval, como se preparam, suas histórias e angústias antes e durante o desfile estarão na pauta.
_ O maior show da Terra, que encanta multidões a cada apresentação, é, na verdade, uma festa misteriosa, de bastidores quase secretos, conduzidos por uma confraria de artistas ao mesmo tempo magistrais e desconhecidos. Admirar a dança cheia de poesia da porta-bandeira, apaixonar-se pela sensualidade sem frio das passistas, apreciar a inventividade dos carnavalescos ou deixar-se levar pelo ritmo da bateria são apenas os encantos visíveis de um espetáculo único _ declara o mediador, que também já foi jurado do troféu Estandarte de Ouro e roteirista do documentário “Mulatas! Um tufão nos quadris”.
A porta-bandeira Selminha Sorriso, por exemplo, comentará que as dificuldades enfrentadas pelos sambistas são muitas, mas que alguns deles, ao contrário dela – que é bombeiro e bacharel em Direito –, se mantêm com os cachês dados pelas agremiações.
_ Eu não tinha dinheiro, roupa nova, pedia sapato emprestado e parei de estudar, com permissão da minha mãe, para me dedicar à dança. Mas não desisto nunca dos meus sonhos. Então, já adulta, completei meu 2º grau, fiz o vestibular e a faculdade de Direito porque acredito ser melhor você ter amor pela arte do que encará-la como uma necessidade. Não é fácil conciliar, mas, quando velhinha, não quero pedir favores. Se o samba pagasse como o futebol, estaríamos com nosso futuro garantido. Como não é assim, incentivo os pequenos sambistas a terem uma profissão paralela.
Já Nilce Fran ressalta que tudo aquilo que conquistou deve ao samba. Segundo ela, foi preciso encarar o preconceito e outros desafios que, no entanto, não a desviaram de um projeto para perpetuar a arte de sambar.
_ Além de negra, comecei trabalhando com o samba na Espanha, fazendo shows. Ao voltar para o Brasil, percebi que muitos viam meu trabalho com desconfiança, mas não perdi tempo com isso. Aprimorei minha dança com cursos no exterior e adquiri técnicas importantes para transmiti-la. Hoje posso dizer que sou uma privilegiada, pois vivo do samba e, há 10 anos, em parceria com Valci Pelé, criei o projeto Primeiro Passo, sediado em Oswaldo Cruz, onde 180 crianças aprendem não só a sambar. Algumas têm aulas de cavaquinho, outras compõem a Cia. de dança e todas conhecem o conceito de cidadania.
O ciclo de debates continua até o dia 22 de novembro, e “O samba como economia da cultura” será o foco do evento em setembro, quando contará com as reflexões e experiências de Jorge Castanheira, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), e dos economistas Carlos Lessa, ex-presidente de BNDES, e Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE e do Instituto Pereira Passos, que será o mediador.
Confira a programação completa de “Carnaval, que festa é essa?”:
Data: 16 de agosto (terça-feira)
Horário: 18h30
Tema: O chão do samba
Palestrantes: Selminha Sorriso (porta-bandeira da Beija-Flor) e Nilce Fran (coordenadora de passistas da Portela)
Mediador: Aydano André Motta (jornalista e roteirista do documentário “Mulatas! Um tufão nos quadris”)
Entrada: gratuita (retirada de senha 1 hora antes do início do evento)
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Teatro I - Capacidade: 172 lugares
Informações: (21) 3808-2020 (21) 3808-2020
Data: 20 de setembro (terça-feira)
Horário: 18h30
Tema: Samba como economia da cultura
Palestrantes: Jorge Castanheira (presidente da Liesa) e Carlos Lessa (economista e filósofo)
Mediador: Sérgio Besserman (economista e ex-presidente do IBGE)
Entrada: gratuita (retirada de senha 1 hora antes do início do evento)
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Teatro I - Capacidade: 172 lugares
Informações: (21) 3808-2020 (21) 3808-2020 end_of_the_skype_highlighting / bb.com.br/cultura / twitter.com/CCBB_RJ / www.versobrasil.com.br
Data: 18 de outubro (terça-feira)
Horário: 18h30
Tema: A primeira batucada
Palestrantes: Nei Lopes (cantor e compositor) e Maria Augusta (professora e carnavalesca)
Mediador: Fernando Molica (jornalista e escritor)
Entrada: gratuita (retirada de senha 1 hora antes do início do evento)
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Teatro I - Capacidade: 172 lugares
Informações: (21) 3808-2020 (21) 3808-2020
Data: 22 de novembro (terça-feira)
Horário: 18h30
Tema: Carnavais, malandros e heróis
Palestrantes: Roberto DaMatta (antropólogo e escritor) e Maria Laura Cavalcanti (antropóloga e escritora)
Mediador: Rosa Maria de Araújo (presidente do Museu da Imagem e do Som)
Entrada: gratuita (retirada de senha 1 hora antes do início do evento)
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Teatro I - Capacidade: 172 lugares
Informações: (21) 3808-2020 (21) 3808-2020 bb.com.br/cultura / twitter.com/CCBB_RJ / www.versobrasil.com.brSegundo dados da RioTur, o Rio de Janeiro movimenta nada menos que R$ 1 bilhão em cada Carnaval. Para oferecer uma festa grandiosa, famosa em todo o mundo, os órgãos governamentais, as escolas de samba e blocos se movimentam ao longo de todo o ano. A empreitada exige cada vez mais recursos financeiros, criatividade e, claro, profissionais especializados: Designers, publicitários, comunicadores, costureiras, marceneiros, soldadores, compositores, administradores, sem falar nos sambistas, os recursos humanos demandam um orçamento milionário para atender às expectativas dos foliões. Estes, aliás, este ano, no Rio, somaram 4,9 milhões, sendo 1 milhão deles turistas (e 40% estrangeiros). Não à toa, como se vê, os gestores das escolas de samba, por exemplo, agora fazem questão de empregar mão-de-obra qualificada. Eles entenderam que o gigantismo do chamado maior espetáculo da Terra necessita a aplicação de teorias de administração, com estratégias, empreendedorismo, planejamento, logística, entre outros importantes quesitos. Por isso, o Centro Cultural Banco do Brasil, em parceria com o Ministério da Cultura, vem realizando, desde maio, o seminário \"Carnaval, que festa é essa?\". Assim sendo, nos ajude a divulgar este evento, com entrada gratuita.