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Museu do Samba leva instalação artística itinerante, contação de histórias e sarau musical para Macaé e Itaboraí
Redação em 07 de Julho de 2025
Trio formado por filha de Candeia e netas de Clementina de Jesus e Cartola está à frente da programação cultural, que conta com patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro
Localizado no Morro de Mangueira, um dos mais tradicionais berços do samba carioca, o Museu do Samba vai levar a duas cidades do interior do estado do Rio de Janeiro uma programação itinerante. Trata-se do "Samba Nego Miudinho", projeto de educação antirracista baseado na história do samba, composto por instalação artística, contação de histórias e sarau musical. Com patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, a atração chega a Macaé em 12 de julho e em Itaboraí, no mês de agosto. No final de julho, uma sessão especial do Samba Nego Miudinho será realizada para escolas públicas do entorno do Morro de Mangueira, na sede da instituição, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.
A contação de histórias e o sarau musical serão conduzidos pelo grupo Matriarcas do Samba, trio vocal formado por Selma Candeia, Vera de Jesus e Nilcemar Nogueira – respectivamente, filha de Antônio Candeia e netas de Clementina de Jesus e do compositor Cartola, três dos maiores ícones da história do samba e da MPB. No roteiro, o trio intercala histórias do samba, memórias da convivência familiar com seus ancestrais e um repertório de composições antológicas que abordam a história do samba e a contribuição do povo negro na formação da identidade cultural brasileira.
São obras como os sambas de enredo "Aos heróis da liberdade" (Império Serrano, 1969), "Kizomba – Festa da raça" (Vila Isabel, 1988) e "História pra ninar gente grande" (Mangueira, 2019), além de clássicos como "Alvorada" (Cartola), "A voz do morro" (Zé Kéti), "Dia de graça" (Candeia), "Cangoma me chamou (Clementina de Jesus), "Samba dos ancestrais" (Martinho da Vila) e "Sorriso negro" (Adilson Barbado/Jair/Jorge Portela), eternizada na voz de Dona Ivone Lara.
Já a instalação artística conta a história do gênero que é Patrimônio Cultural do Brasil por meio de painéis, gravuras, adereços e fantasias de carnaval, que podem ser vestidas pela plateia durante as apresentações. Os itens destacam as origens africanas da cultura do samba, a formação das agremiações carnavalescas, além de exaltar a importância e a força das mulheres para a valorização e a preservação da memória e das tradições do ritmo, da dança, da música e da gastronomia preta ancestral.
"O projeto foi desenvolvido pelo departamento Educativo do Museu como uma oportunidade e um meio para aplicação da Lei 10.639, que prevê o ensino da cultura afro-brasileira em nossas escolas; mas a proposta cresceu, acredito que pelo formato descontraído, que leva todos a participarem, se emocionarem e se identificarem com esta cultura de lutas, conquistas e muito valor artístico. É impressionante a adesão de crianças, adultos, profissionais de educação a este projeto tão necessário e, ao mesmo tempo, encantador", revela Nilcemar Nogueira, neta de Cartola e fundadora do Museu do Samba.
Escola inclusiva em Macaé, centro cultural em Itaboraí
No município de Macaé, a programação do Samba Nego Miudinho acontece no sábado, 12 de julho, a partir das 10h, na Escola Sentrinho, instituição com 35 anos de existência, especializada em educação inclusiva de crianças e jovens com deficiência. A Escola Sentrinho está localizada na rua Evaldo Costa, nº 475, no bairro Sol e Mar.
Em Itaboraí, a atração itinerante estreia no dia 26 de agosto, a partir das 19h, na Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, com sessão para os alunos do EJA (Educação para Jovens e Adultos). Depois a exposição ficará em cartaz no salão principal do centro cultural até o dia 06 de setembro, período em que serão realizada atividades pedagógicas para alunos do município, com coordenação da Secretaria de Educação. A Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres está localizada na Praça Marechal Floriano Peixoto, nº 305, no Centro de Itaboraí.
Na Mangueira, projeto receberá alunos de escolas públicas e de projeto social
Em 29 de julho, a partir das 10h, haverá uma sessão especial do projeto Samba Nego Miudinho na sede do Museu do Samba, localizado na rua Visconde de Niterói, nº 1296, no bairro da Mangueira, Zona Norte do Rio de Janeiro. A plateia será formada por estudantes de escolas públicas do entorno do morro. Participarão também crianças e adolescentes do Meu Kantinho Centro de Cultura, polo de ensino de música e práticas socioambientais para crianças e adolescentes de baixa renda da região da Penha Circular, bairro da Leopoldina, Zona Norte do Rio.
Samba Nego Miudinho já percorreu escolas municipais do Rio
Entre julho e dezembro de 2024, o projeto de educação antirracista Samba Nego Miudinho percorreu escolas da rede municipal da cidade do Rio de Janeiro. Ao todo, mais de dois mil alunos do ensino fundamental receberam a exposição itinerante, que ficou montada por 15 dias em cada uma das cinco escolas que recebeu o projeto. Foram priorizadas escolas localizadas em regiões de maior vulnerabilidade social.
Na ocasião, todas as unidades também receberam sessões de contação de histórias e apresentação musical, comandadas pelo grupo Matriarcas do Samba. Posteriormente, a exposição ficou em cartaz no Museu do Samba, onde recebeu visitas de escolas públicas e particulares de várias regiões da cidade do Rio de Janeiro, beneficiando cerca de outros mil alunos.
"Foi um circuito inesquecível, nunca vou esquecer o brilho nos olhos das crianças e o interesse nas nossas histórias e pelo nosso ritmo", lembra Selma Candeia. "Tenho certeza que vinha vó está me abençoando e feliz em ver que estamos levando o legado dela, de Candeia e de Cartola para as novas gerações", completa Vera de Jesus.
SOBRE O MUSEU DO SAMBA
Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Rio de Janeiro
Declarado Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro por meio da Lei 10.360/24, de autoria da deputada estadual Dani Balbi e sancionada em maio de 2024 pelo governador Claudio Castro, o Museu do Samba é uma organização social que atua para promover a valorização, a difusão e a preservação da memória do samba e dos sambistas.
A instituição oferece uma rica e variada programação cultural e educativa, com exposições fixas e sazonais, eventos musicais, gastronômicos e multimídia. Possui ainda um Centro de Documentação e Pesquisa do Samba e uma coleção audiovisual com 180 depoimentos originais gravados por grandes nomes da história do samba e do carnaval, exclusivamente para o museu. Seu acervo de mais de 45 mil itens é o maior do Brasil especializado no gênero.
Fundado em 2001 pelos netos do compositor Cartola e sua esposa e baluarte da Mangueira Dona Zica, o museu nasceu com o nome de Centro Cultural Cartola. Em 2015, o local foi rebatizado com o nome atual e ampliou sua atuação. O dossiê que levou o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a conceder às Matrizes do Samba do Rio de Janeiro o título de Patrimônio Cultural do Brasil foi elaborado pelos pesquisadores do museu, com a coordenação de Nilcemar Nogueira.