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Museu do Samba inaugura exposição Patrimônios Negros no Dia Nacional do Samba
Redação em 01 de Dezembro de 2024
Nova mostra é baseada no acervo original de 170 depoimentos inéditos de grandes sambistas do Rio de Janeiro, gravados em vídeo pela própria instituição
*Programação é patrocinada pela Prefeitura do Rio, por meio da Lei do ISS
Patrimônios Negros é o nome da nova exposição que o Museu do Samba inaugura em 02 de dezembro, data em que é celebrado o Dia Nacional do Samba. Para contar a história da tradição e evolução da cultura negra dentro do samba, a mostra recorre ao acervo original de 170 depoimentos inéditos, concedidos ao Museu do Samba por grandes sambistas, e registrados em vídeo entre 2009 e 2024. Partindo dos relatos biográficos, Patrimônios Negros revela bastidores e curiosidades dos desfiles, das rodas e da vida social do samba, por meio de vídeos, fotografias, fantasias, manuscritos de sambas e objetos pessoais dos artistas, que serão expostos pela primeira vez ao público. Os itens fazem parte da reserva técnica do acervo de 45 mil itens do Museu do Samba.
O evento de abertura da exposição Patrimônios Negros acontece às 18h, com entrada gratuita. A celebração contará com uma roda de samba com repertório de partido alto e grandes clássicos do gênero. A gastronomia do samba também estará representada, com barraquinhas das "yabás do samba", vendendo quitutes como jiló frito e carne seca com abóbora, além de doces. O Museu do Samba fica na rua Visconde de Niterói, n° 1296, na Mangueira, bairro da Zona Norte da cidade do Rio.
A exposição fica em cartaz até depois do Carnaval, em março de 2025. A visitação pode ser feita de terça-feira a sábado, das 10h às 17h. A exposição Patrimônios Negros é patrocinada pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e a Lei do ISS (Lei Municipal de Incentivo à Cultura).
"Essa nova exposição tem como protagonistas as mulheres e homens que fazem parte da história do samba carioca, em suas diversas manifestações culturais, da música à gastronomia, da dança às artes plásticas; a partir de suas memórias, histórias e revelações, vamos oferecer uma experiência de imersão na historicidade do gênero e do Carnaval, a partir do olhar do próprio sambista, das vozes que foram e ainda são referências e lideranças reconhecidas em suas escolas, blocos, rodas de partido alto, bairros, barracões e na Marquês de Sapucaí", explica Nilcemar Nogueira, fundadora e diretora de projetos do Museu do Samba.
Acervo audiovisual de referência no Brasil
Desde 2009, o Museu do Samba mantém um projeto de Memória e Salvaguarda das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, que já registrou 170 depoimentos em vídeo, todos originais e feitos diretamente a pesquisadores e colaboradores da instituição carioca. Os entrevistados são baianas, baluartes, porta-bandeiras, mestres-salas, passistas, mestres de bateria, ritmistas, carnavalescos, cantores e compositores considerados referências na vida cultural.
Os primeiros entrevistados foram Zeca da Cuíca e o compositor e pintor Wanderley Caramba, ambos da Estácio de Sá, em janeiro de 2009. Depois vieram nomes como Djalma Sabiá, fundador do Salgueiro, e Dodô, lendária porta-bandeira da Portela. De lá pra cá, o acervo soma cerca de 120 horas de gravações com nomes como Wilson das Neves, Monarco, Noca da Portela, Nelson Sargento, Dominguinhos do Estácio, Ito Melodia e Neguinho da Beija-Flor.
Entre as lideranças femininas que gravaram para o acervo do museu estão as cantoras Alcione, Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Tia Surica, assim como as porta-bandeiras Vilma Nascimento, Selminha Sorriso, Lucinha Nobre, Giovanna Justo e Squel Jorgea, e, também, as baianas Tia Glorinha do Salgueiro e Tia Nilda da Mocidade, entre outras.
"O projeto de salvaguarda da memória por meio do audiovisual surgiu após o samba receber do Iphan o título de Patrimônio Cultural do Brasil, como forma de fortalecer o samba carioca e, principalmente, os sambistas que dão vida à maior manifestação cultural do país. Temos um acervo que é uma raridade, pois é o único do Brasil que dá voz a todos os segmentos do samba, valorizando seus saberes e transmitindo seus legados", afirma Nilcemar Nogueira, que coordenou, em 2007, a elaboração do dossiê que levou à titulação atribuída pelo Iphan ao samba do Rio de Janeiro.
SERVIÇO
Exposição Patrimônios Negros
ENTRADA GRATUITA NA ABERTURA DA EXPOSIÇÃO, DIA 02/11, ÀS 18H
Local: Museu do Samba
Endereço: Rua Visconde de Niterói, 1296 – Mangueira
Horário: de terça a sábado, das 10h às 17h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada) – Grátis para estudantes da rede pública
SOBRE O MUSEU DO SAMBA
O Museu do Samba foi declarado Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro por meio da Lei 10.360/24, de autoria da deputada estadual Dani Balbi e sancionada em 6 de maio de 2024 pelo governador Claudio Castro.
Seu acervo é composto por mais de 45 mil itens e é o maior do Brasil especializado no gênero. Localizado na rua de acesso ao Morro de Mangueira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o Museu do Samba oferece uma rica e variada programação cultural e educativa, com exposições fixas e sazonais, eventos musicais, gastronômicos e multimídia. Possui ainda um Centro de Documentação e Pesquisa do Samba e uma coleção audiovisual com mais de 160 depoimentos originais gravados por grandes nomes da história do samba e do carnaval exclusivamente para o museu.
Fundado em 2001 pelos netos do compositor Cartola e sua esposa e baluarte da Mangueira Dona Zica, o museu nasceu com o nome de Centro Cultural Cartola. Em 2016, o local foi rebatizado com o nome atual e ampliou sua atuação. O dossiê que levou o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a conceder às Matrizes do Samba do Rio de Janeiro o título de Patrimônio Cultural do Brasil foi elaborado pelos pesquisadores do museu, com a coordenação de Nilcemar Nogueira.