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Monsueto Junior preparou um show em homenagem ao pai intitulado de Monsueto canta 90 anos de Monsueto
Lucia Mello em 29 de Outubro de 2014
Imperdível com uma grande produção, e cantando e contando um pouco da historia deste grande compositor e artista, num show de 02:00horas de puro samba e muita emoção, com participações mais do que especiais Aninha Portal, Regina Mazza, Rosi Guará, Janaina Rey,Marcus do Cavaco, Ronni do Carmo, Alan Rocha, Bossa do Samba,Marcelo Menezes e Edgar Pereira
Monsueto completaria 90 anos de idade dia 04 de Novembro de 2014,
O Cara
Monsueto Campos Menezes foi, essencialmente, um músico. Baterista de boate, atuou em diversos conjuntos na década de 1940, entre as quais a Orquestra de Copinha, no Copacabana Palace Hotel. Percussionista, cantor, ator comediante, foi também um excelente pintor Nassif no fim de sua curta vida (Pablo Neruda, certa vez, adquiriu um quadro dele). Foi, sobretudo, um compositor popular da pesada, dos melhores que o Brasil já teve.
O auge da popularidade de Monsueto como compositor se deu por volta do fatídico ano de 1964, quando Helena de Lima, experimentadíssima cantora de boate, gravou (ao vivo) o vinil 'Uma Noite no Cangaceiro' (boate da moda na época) incluindo num eletrizante 'pot-pourri' de Sambas, duas músicas dele: 'Mora na filosofia' (também gravada por Caetano Veloso no disco 'Transa' de 1972) e 'A Fonte secou'.
Nascido no Rio de Janeiro em 4/11/1924, criado na Favela do Pinto, Monsueto perdeu os pais muito cedo, tendo sido criado por uma avó.
Quem é que se lembra da Favela do Pinto? Lugar muito especial nesta época, também chamada de Morro do Pinto, a favela onde Monsueto foi criado, era um gueto negro encravado na parte mais nobre da Zona Sul do Rio. Para os elegantes da área, um câncer a ser extirpado.
Cantor. Compositor. Instrumentista. Pintor. Ator.
Nascido no Rio de Janeiro em 4/11/1924, criado na Favela do Pinto, . Com menos de três anos ficou órfão de mãe, tendo sido criado por uma avó e uma tia. Na adolescência, trabalhou como guardador de carros no Jockey Club.
Estudou até o quinto ano primário. Aos 15 anos, já tocava em baterias de escola de samba e aos 17 começou a trabalhar como baterista free lancer em bailes de gafieira e cabarés. Prestou serviço militar no Forte de Copacabana e ao sair casou-se com Maria Aparecida Carlos, indo morar em Vieira Fazenda, subúrbio carioca. Lá, abriu uma tinturaria, a exemplo de seu irmão Francisco, que também fora proprietário de uma tinturaria na qual chegou a trabalhar. Apesar de ter seu próprio negócio, continuou tocando na noite, freqüentando os pontos de encontro de músicos, principalmente nas redondezas do Teatro João Caetano. Teve seis filhos.
Na década de 1940, atuou como baterista em vários conjuntos, entre os quais, a Orquestra de Copinha, que tocava no Copacabana Palace Hotel. Teve sua primeira composição gravada em 1951, o samba "Me deixe em paz", parceria com Aírton Amorim, lançado por Linda Batista na RCA Victor e que fez bastante sucesso no carnaval do ano seguinte. Em seguida, teve várias músicas incluídas no show "Fantasia, fantasias", do Copacabana Palace Hotel.
Em 1953, teve os sambas "Mulher de mau pensar", com Elói Marques e "A fonte secou", com Tufyc Lauar e Marcléo gravadas por Raul Moreno na Todamérica. O samba "A fonte secou" foi o grande sucesso no carnaval seguinte e seu maior êxito.
Em 1954, fez com R. Filho o samba "Maldição" gravado por Francisco Carlos na RCA Victor. Nesse ano, seu samba "Quando vem a noite", com Álvaro Gonçalves foi gravado na Todamérica por Virgínia Lane; os sambas "Rosto bonito", com Caribé da Rocha e "Carrasco", com Raul Marques e F. Fernandes foram lançados por Carlos Augusto na Sinter e o xote "Sem amor", parceria com João do Vale foi gravado na Columbia por Índio e seu conjunto. Ainda nesse ano, Marlene gravou para o carnaval o samba "Mora na filosofia", com Arnaldo Passos, que fez muito sucesso, fazendo com que a expressão "mora", no sentido de percebe, entrasse para o vocabulário popular carioca. Esta música, aliás, havia substituído outra, "Couro do falecido", em show do Copacabana Palace, apresentado pela mesma Marlene, em virtude do suicídio de Getúlio Vargas, um pouco antes.
Teve mais dois sambas gravados por Raul Moreno na Todamérica em 1955, "Me empresta teu lenço", com Elano de Paula e Nicolau Durso e "Cachimbo da paz", com Raul Moreno e Plínio Gesta. Nesse ano, Marlene lançou na Sinter os sambas "Canta, menina, canta" e "Na casa de corongondó", ambos parcerias com Arnaldo Passos. Ainda em 1955, gravou seu primeiro disco, pelo selo pernambucano Mocambo, com os sambas "Nega Pompéia", de Estanislau Silva e Ferreira Gomes e "Q. G. do samba", parceria sua com Rossini Pacheco e Sebastião Nunes. Também em 1955, seu samba "Mora na filosofia" foi escolhido por uma comissão julgadora reunida no Teatro João Caetano como uma das cinco melhores letras e melodias do carnaval daquele ano.
Em 1956, Linda Batista gravou o samba "Levou fermento", parceria com José Batista. Nesse ano, teve mais três sambas gravados na Todamérica, "Rua Dom Manoel" e "Senhor Juiz", com Jorge de Castro na voz de Raul Moreno e "Tô chegando agora", com José Batista na voz de Odete Amaral. Na Sinter, Marlene gravou o samba "O lamento da lavadeira", com Nilo Chagas e João Violão
Em 1957, teve três sambas gravados na RCA Vcitor: "O gemido da saudade", com José Batista, por Linda Batista; "Fogo na marmita", com Aldacir Louro e Amado Régis, por Marlene e "Não se sabe a hora", com José Batista, por Dircinha Batista. Nesse ano, atuou no filme "13 Cadeiras", com Oscarito, dirigido por Franz Eichhorn. Também no mesmo ano, gravou um disco pela Copacabana com os sambas "Prova real", de Odelandes Rodrigues, Amado Régis e Edson Santana e "Bola branca", de Estanislau Silva, Otávio Lima e Antônio Guedes.
Em 1958, participou como cantor nos números musicais do filme "Na corda bamba", de Eurides Ramos e compôs músicas para os filmes "O cantor milionário" e "Quem roubou meu samba?", ambos de José Carlos Burle. Ao todo, teve participação em dez filmes brasileiros, três argentinos e um filme italiano. Ainda em 1958, teve gravados na Todamérica o samba-canção "Boa noite", por Ted Moreno; o samba "Giro pelo norte", por Ari Cordovil e o choro "Trote", com Dilermando Rodrigues, por Cora Mar. Por essa época, fez vários shows com Herivelto Martins. Pouco depos criou seu próprio grupo com o qual excursionou pelo Brasil e países da América, Europa e África.
Em 1959, foi convidado a participar do programa humorístico "Noites Cariocas", da TV Rio, onde recebeu o apelido de "Comandante" e fez muito sucesso com seu quadro, lançando gírias como: "castiga", "vô botá pra jambrá", "mora", "ziriguidum". Nesse ano, seus sambas "O bafo do gato" e "Comício no morro" foram lançados por Edgardo Luiz
na Polydor. Ao final da década de 1950, teve composições incluídas em espetáculos de Carlos Machado como "Copacabana de tal" e "Zelão Boca Rica".
Em 1961, gravou pela Odeon os sambas "Ajudai o próximo" e "Eu quero essa mulher assim mesmo", ambos de sua autoria. Nesse ano, Agostinho dos Santos gravou "Na casa do Antônio Jó", parceria com Venâncio. Em 1962, lançou seu único LP, "Mora na filosofia dos sambas de Monsueto", lançado pela Odeon e cujo destaque foi o samba "Lamento da lavadeira", parceria com Nilo Chagas e João Violão. No ano seguinte, também na Odeon, gravou os sambas "Chica da Silva", de Anescar e Noel Rosa de Oliveira e "Mané João", de sua autoria e José Batista. Nesse ano, teve o samba "Ai meu calo", com José Batista gravado por Ivon Curi na Odeon. Ainda em 1963, gravou pelo selo Orion os sambas "Sambamba", de sua autoria e "Retrato de Cabral", com Raul Marques e o samba "Mora na filosofia" foi regravado por Walter Santos no LP Bossa nova - Walter Santos", com acompanhamento do conjunto de Walter Wanderley. Por volta de 1964, tentou sem sucesso criar um selo de gravações com seu nome, mas que, no entanto, somente lançou um disco com ele mesmo interpretando os sambas "O sucesso está na cara", parceria com Linda Batista e "Larga o meu pé", com Aloísio FrançaO auge da popularidade de Monsueto, como compositor, se deu por volta do fatídico ano de 1964, quando Helena de Lima, experimentadíssima cantora de boate, gravou (ao vivo) o vinil 'Uma Noite no Cangaceiro' (boate da moda na época) incluindo num eletrizante 'pout-pourri' de Sambas, duas músicas dele: 'Mora na filosofia' (também gravada por Caetano Veloso no disco 'Transa' de 1972) e 'A Fonte secou'.
Em meados da década de 1960, começou a ser redescoberto pelos grandes nomes da MPB. Em 1968, Maria Bethânia regravou "Mora na filosofia". Em 1971, Caetano também gravou "Mora na filosofia", em seu LP "Transa". No ano seguinte, Milton Nascimento gravou "Me deixa em paz", em seu LP "Clube da Esquina" ao lado de Alaíde Costa.
1972 PINTURA
Nessa época, passou a se interessar por pintura e acabou tornando-se profissional, sendo premiado com uma medalha de bronze no Salão Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro, em 1972. Seu quadro mais conhecido é uma Santa Ceia em que Jesus e seus apóstolos são negros.
SUAS PAIXÕES
Sem nunca ter se ligado oficialmente a nenhuma escola de samba, passou por várias delas, a última, foi a Unidos Vila Isabel. Em 1973, quando participava na Bahia das filmagem do filme "O Forte", de Olney São Paulo, passou mal, foi hospitalizado e veio a falecer, em decorrência de um câncer no fígado. Nesse ano, Caetano Veloso regravou "Eu quero essa mulher assim mesmo", em seu LP Araçá Azul com um arranjo de rock, popularizando ainda mais o compositor entre os jovens. Na mesma época, pot-pourris com composições suas foram gravados por Martinho da Vila e MPB-4. Na década de 1990, teve o samba "Lamento da lavadeira" regravado pela cantora Marisa Monte.
SUA FAMILIA
Casou-se varias vezes mais a ultima mulher de sua vida foi Vera Lucia,com teve três filhos
Tudo fazia sem medir esforços, achava que todos tinham que ter direção musical para cada um deu um instrumento e quando sua filha chorava falava: Essa vai ser musicista pois até seu choro era afinado!!
Ele sempre falava “tenho muitos xodós e uma xodó que era sua única filha que nasceu no meio de seis filhos homens, quando soube do nascimento estava desfilando no Salgueiro no ano de 1963 com o enredo Chica da Silva nascera ela exatamente no horário em que a escola passava na avenida mais como um bom folião terminou o desfile e foi diretamente para a maternidade fantasiado levando alguns passistas consigo
Em 1965 nasce Marcelo que como achou também que fosse um presente pegou a criança assim que saiu da maternidade e deu um mergulho no mar. e seu ultimo filho Monsueto nasceu ele já estava adoentado mais como era muito teimoso e achava que era um dor que não lhe causaria um mau maior deixou o tempo se encarregar da doença.e so curtiu o caçula até seu primeiro aniversário.
Em maio de 2002, foi um dos grandes homenageados no show "Marleníssima", estreado pela cantora Marlene no Teatro Rival-BR, escrito e dirigido por R. C. Albin, quando, em cena, eram lembrados e cantados um a um dos seus sucessos criados por ela, tais como "Aperta o cinto", "Lamento da lavadeira" e "Fogo na marmita", este um forte libelo social com versos que diziam: "Todo dia ele acorda pro trabalho/Levando a marmita na mão." Em 2004, recebeu homenagem especial durante a entrega do Prêmio Rival BR de música que foi dedicado a ele. Na ocasião foram cantadas músicas de sua autoria e exibidos trechos de filmes nos quais atuou.
Não é todo dia que aparece um compositor da estripe de Monsueto num momento em que a sutileza praticamente desapareceu dos sambas mais populares, chega a ser chocante imaginar que sambas como Me Deixa em Paz chegaram ao topo das paradas, nos anos 50, sem a menor apelação. Com versos simples e eficientes como "Se você não me queria/ Não devia me procurar/ Não devia me iludir/ Nem deixar eu me apaixonar", acompanhados de uma melodia inesquecível, o samba estourou no Carnaval de 1952 na voz de Linda Batista. Os foliões não se importaram com seus versos tristes e caíram na esbórnia naquele ano, dividindo as atenções com concorrentes de peso como Lata D’Água, na voz de Marlene e Sassaricando, com Virgínia Lane.
Depois dessa gravação, as coisas ficaram mais fáceis para o compositor. Ele teve várias músicas incluídas no show Fantasia, Fantasias, do Copacabana Palace Hotel, e já no ano seguinte conseguiria que A Fonte Secou, samba que já trazia na gaveta há alguns anos, fosse gravado por Raul Moreno (Tufic Lauar). "Eu não sou água pra me tratares assim/ Só na hora da sede é que procuras por mim/ A fonte secou/ Quero dizer que entre nós tudo acabou", diziam seus versos cantados até hoje. Resultado: acabou sendo o melhor e mais cantado samba do Carnaval de 1954.
No ano seguinte, Marlene – que recusara A Fonte Secou, perdendo a chance de lançá-la – se redimiu (muito bem) gravando uma de suas mais célebres canções, Mora na Filosofia, na qual seu lado
espirituoso ficava bem claro no antológico verso "Botei na peneira você não passou".
Me Deixa em Paz, A Fonte Secou e Mora na Filosofia são seus sambas mais conhecidos, e embora lançados como carnavalescos, entraram pra o hall dos clássicos da MPB, merecendo leituras mais jazzísticas ou lamentosas nas vozes de Maria Bethânia, Caetano Veloso, Leny Andrade, Paulinho da Viola, Doris Monteiro, Elza Soares, Lana Bittencourt, Martinho da Vila, Helena de Lima, Alaíde Costa e Milton Nascimento, Alcione, entre tantos outros.
Mas não foram somente esses sambas que Monsueto compôs. Foram muitos mais. Cheios de tiradas filosóficas e, vez por outra, um certo pé na crítica social. E melhor: acompanhados de melodias agradáveis que grudam no ouvido. Curioso é que o sambista normalmente distribuía as parcerias de seus sambas
em troca de alguns caraminguás, já que estava sempre duro. Em geral, seus sambas – letra e música – foram feitos quase todos só por ele. A parceria era pró-forma.
Sambas românticos, humorísticos e críticos
Ainda na linha mais romântica, Monsueto teve bons sambas gravados por Demônios da Garoa e Ângela Maria. O grupo gravou Não Emplaca 61: "De boca em boca/ Já se ouve um zum zum zum/ Que o nosso amor não emplaca 61". Ângela gravou, entre outras, Despejo da Saudade no ano seguinte, 62. "Eu dei à saudade apenas pousada/ Ela pensou que fosse moradia/ Coitada! Ficou tão desapontada/ Clareou o dia, foi despejada". Tais versos cantados pela voz de cristal da Sapoti ganhavam ares ainda mais dramáticos. Mas o sambista também tinha seu lado humorístico, afinal ele consagrou sua imagem junto ao público justamente como comediante em diversos programas de TV.
"Aluguei a casa um/ Meu amigo mora em frente/ E a mulher deste amigo/ Anda arranjando um tempo quente/ Sempre a me provocar/ Olha, a me conquistar/ Sorri a me convidar/ Até um cego pode notar/ Eu sinto sede, eu sinto fome/ Mas mulher de amigo meu pra mim é homem", diz a divertida letra de Casa Um da Vila. Na linha do humor, ele também compôs o partido alto Eu Quero Essa Mulher Assim Mesmo (regravada por Caetano Veloso em seu disco experimental, Araçá Azul), em que repetia esse refrão, alternando com adjetivos como "baratinada, alucinada, despenteada, descabelada, embriagada, intoxicada, desafinada, desentoada". Outro samba ótimo dessa vertente é Larga Meu Pé. "Nega, larga o meu pé/ Vá quando quiser/ Pra você não falta homem/ Pra mim não falta mulher".
Por fim, Monsueto fez também alguns sambas mais críticos. Caso de O Lamento da Lavadeira, com um trecho gravado recentemente por Marisa Monte, num medley com Ensaboa, de Cartola. "Trabalho, um tantão assim/ Cansaço é bastante sim/ A roupa, um montão assim/ Dinheiro um tiquinho assim/ Para lavar a roupa da minha sinhá", dizia parte da letra lançada originalmente por Marlene, em 56. No ano seguinte, a mesma cantora gravou a pouco conhecida Fogo na Marmita, que dizia "Todo dia ele desce para o trabalho levando a marmita na mão/ Deixa o seu suor, mas traz o dinheiro do pão".
Agostinho dos Santos também gravou um samba tocante mesmo estilo,
Na Casa de Antonio Jó. A letra de Monsueto deve ter sido inspirada em sua própria vida já que ele foi nascido e criado na favela do Morro do Pinto, no Rio de Janeiro.
"Assisti um quadro na casa de Antonio Jó/ Antonio tem oito filhos/ Levou um pão para casa/ Todos queriam um bico/ Mas o pão era um só/ Um prato de pirão d’água/ Todos sentados ao redor/ No centro do prato, um ovo/ Mas o ovo era um só/ Ao chegar a noite/ A confusa foi maior/ Quem dorme na beira da cama cai/ Todos queriam um canto/ Mas o canto era um só".
MONSUETO POR QUEM CONHECEU
Beth Carvalho, Marlene, João Roberto Kelly, Haroldo Costa, Jorge Goulart e Toquinho lembram histórias do sambista
Rodrigo Faour
11/07/200"Monsueto era um gozador, muito brincalhão, estava sempre sorrindo. Nunca o vi sério. Estava sempre muito alegre e fazendo músicas incríveis", atesta Marlene, uma das cantoras que mais lançou músicas de Monsueto, como Mora na Filosofia e O Lamento da Lavadeira. "É uma pessoa que tenho muita saudade. Quando eu trabalhava no Copacabana Palace, ele ia lá toda noite bater papo", continua a cantora que estava preparada em 1954 para gravar o samba O Couro do Falecido mas acabou mudando de
idéia. "A letra dizia: ‘Um minuto de silencio pro cabrito que morreu/ Se hoje você samba/ É que o couro ele nos deu/ Castiga o couro do falecido (...) Morre um para bem dos outros’. Só que nessa época o presidente Getúlio Vargas se matou. A direção do Copa não deixou que eu cantasse, e ele me deu o Mora na Filosofia, que acabei gravando".
Assim como Marlene, vários de seus colegas artistas – cantores, compositores e produtores – se lembram dele com muita gratidão. O cantor Jorge Goulart, por exemplo, acompanhou de perto sua escalada ao sucesso e lembra de seu bom humor. "Ele formou um conjunto no mesmo estilo do que o Ataulfo Alves tinha, trabalhou muito em boates com Carlos Machado e chegou a viajar também pelo mundo. Era um tipo engraçado. Quase um cômico. Era muito careteiro. Foi um grande compositor, autêntico", depõe.
Além de compositor, Monsueto brilhou como ator cômico em filmes, shows de variedades e na televisão. Atuou no cinema trabalhando 14 filmes – onze brasileiros, três argentinos e um italiano. Entre os nacionais, participou de Treze Cadeiras (de Franz Eichhorn), Na Corda Bamba (de Eurides Ramos), O Cantor Milionário e Quem Roubou meu Samba (ambos de José Carlos Burle), mas não chegou ao final das filmagens de O Forte, em 73, vindo a falecer. Integrou espetáculos bolados por Herivelto Martins, com o qual viajou para Europa, África e América, e até montar seu próprio grupo, sempre cercado de cabrochas e outros cantores. No palco, entre os anos 50 e 60, no auge de sua carreira como showman na TV, participou de diversos programas como Noites Cariocas, na TV Rio, ganhando o apelido de Comandante por causa de um dos esquetes que criou.
Beth Carvalho também se lembra de tê-lo visto muito na TV, mas não chegou a privar com ele pois em 73, ano em que ele morreu, ela ainda estava gravando seu segundo LP. "Achava ele genial, impecável, um craque. Era um tremendo compositor, criativo. Cometi o pecado de nunca ter gravado suas músicas, mas com certeza ainda vou gravar", diz a sambista, cujo samba preferido do compositor é O Lamento da Lavadeira. "É originalíssima e de cunho social", atesta. Beth também riu muito com seus esquetes em programas de TV. "Ele era cômico, fazia umas blagues, tipo Mussum. Era o Mussum da época".
Quem também lembra muito bem dessa sua faceta humorística é o compositor João Roberto Kelly. "Ele trabalhou na TV Rio na década de 60 e tive o prazer de tê-lo em quadros musicados por mim, em programas como Praça Onze e O Riso É o Limite", conta. "Monsueto era histriônico. Não era de chegar e fazer um monólogo como ator, ele fazia um tipo com muita graça. Era um crioulo de 1,80m, gordo, grandão com um sorriso maior que o tamanho dele, além de um compositor inspiradíssimo", elogia. Além disso, Kelly diz que era excelente ritmista e baterista. "Ele tocava pandeiro, surdo, reco-reco, chegou a participar de várias gravações como músico de estúdio. Era cantor, ritmista e baterista bissexto. Além de pintor primitivista", completa. De fato, Monsueto começou sua carreira atuando em vários conjuntos na noite carioca, como baterista. Inclusive na Orquestra de Copinha, no Copacabana Palace.
Essa sua face de pintor (que se iniciou em 1965) também é lembrada pelo ator, diretor e produtor Haroldo Costa. "Era uma pessoa muito ativa. Além de formar conjuntos de
samba e de atuar em grandes shows e quadros difíceis de humor na TV, era um pintor naïve da melhor qualidade", atesta. De fato, além de tudo, Monsueto passou a pintar quadros no fim da vida. Depois de ganhar de uma amiga um jogo de pincéis e telas, começou a pintar por diletantismo. Curiosamente, deu certo. Eram todas na linha primitivista, com enfoque centrado no folclore, samba, morro e Carnaval – assim como as suas canções. Até o poeta chileno Pablo Neruda comprou um de seus quadros.
O artista que popularizou expressões como "Castiga", "Vou botar pra jambrar", "Diz", "Mora", "Ziriguidum" gravou muito pouco – um LP e algumas participações. Entrou pela última vez em estúdio para fazer uma participação na divertida A Tonga da Mironga do Kabuletê, ao lado de Toquinho e Vinicius, em 1971, no qual "xingava em nagô" aqueles que naquela época dura não se podia xingar em português. "Monsueto é um dos maiores sambistas brasileiros, com uma linha melódica fantástica, com intervalos africanos, na linha de Batatinha, Benjor e Baden Powell. Era um compositor bem primitivo, simples, mas importante. É ainda muito pouco reconhecido", elogia Toquinho que o convidou para participar da gravação da faixa. "Vivíamos uma fase de censura muito ativa e drástica. Tudo tinha que ser disfarçado. E a Tonga foi importante porque foi uma forma de mandar tudo para aquele lugar numa época em que não se podia fazer isso. Como o Monsueto era uma pessoa muito engraçada, eu e Vinicius o chamamos para fazer um fanho na faixa, que discursava e não dizia absolutamente nada! Falando coisas como se estivesse protestando. Foi muito divertido! Quase que ninguém conseguia gravar porque todo mundo ria muito".
Então nada do que mais justo homenagear este grande ícone do Brasil.
Serviço:
TEATRO RIVAL PETROBRAS
R. Álvaro Alvim, 33 / 37- Subsolo - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20031-010
Telefone:(21) 2240-4469
90 ANOS DE MONSUETO
04/11 -----19h
ENTRADA:
fora da lista R$50,00
LISTA AMIGA
R$35,00
Confirmando presença ou publicando os nomes no mural do evento
***A lista encerra com os 200 primeiros vendidos***
Contato lista amiga (whatsapp)
*apenas mandar os nomes
21 968773998