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  • Mangueira escolhe sambas-enredo 103 e 105 para a etapa final do Concurso no Rio

    Redação em 25 de Agosto de 2025

    Verde e Rosa realizou neste sábado uma grande festa em parceria com o governo do Amapá para a escolha do samba-enredo que pode se tornar o hino da escola em 2026


    Parcerias de Verônica dos Tambores e de Francisco Lino se sagraram vencedoras da etapa do Amapá


    A Estação Primeira de Mangueira escolheu, na madrugada deste sábado para domingo (23/8), no Amapá, o samba-enredo do estado que fará parte da final da disputa do hino da escola para o próximo Carnaval. A composição Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antonio Neto, Clóvis Júnior e Marcelo Zona Sul levou a melhor entre os participantes. A disputa entre os seis sambas inscritos foi transmitida ao vivo pelo YouTube da Mangueira.


    “É muito bonito e potente ver a entrega do povo do Amapá ao nosso enredo, ao carnaval, ao samba”, declarou a presidente Guanayra Firmino. “Penso que essa energia diferente que experimentamos aqui tem a ver com a ancestralidade”, declara ela, referindo-se à história do estado e à forte presença de negros escravizados na região. 


    Cada samba teve direito a três passadas, duas delas com a bateria formada inteiramente por ritmistas locais. Sob o comando dos mestres Taranta Neto e Rodrigo Explosão, cem ritmistas tiveram a oportunidade de compor a bateria Verde e Rosa durante alguns ensaios e uma noite. As parcerias vencedoras vão receber uma ajuda do governo do Estado para financiar os custos da disputa que será realizada no Palácio do Samba, na tradicional quadra da Mangueira. 


    Apresentações de grupos locais e um show da cantora Karinah, musa e madrinha do programa social da escola e da própria agremiação também fizeram parte da programação que parou a cidade de Macapá. 


    A Mangueira recebeu 22 sambas concorrentes, sendo 16 do Rio de Janeiro e 6 do Amapá. Todas as obras estão disponíveis no canal oficial da agremiação no YouTube, com as respectivas letras e compositores. O calendário completo e demais informações estão disponíveis nas redes sociais da Verde e Rosa. 


    A Estação Primeira de Mangueira levará para a Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2026 o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju - O Guardião da Amazônia Negra”, que mergulha na história afro-indígena do extremo Norte do país a partir das vivências de Mestre Sacaca. O desfile é desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França e dá início ao triênio do centenário da agremiação. 


    De origem negra e indígena, cernes da formação do Amapá, Raimundo dos Santos Souza, personagem central da Verde e Rosa, apresenta os encantos que viveu no seu território. Ao ser apelidado como Sacaca, uma titulação xamânica, ele navegou pelos rios que cruzam a região Norte do Brasil, entrando em contato com diferentes populações tradicionais. 

     

    Mestre Sacaca tornou-se um personagem brasileiro de profundos saberes sobre o manuseio de ervas, seivas, raízes e elementos que compõem a Amazônia Negra amapaense. Utilizava seus conhecimentos no tratamento de doenças e do cuidado comunitário por meio de garrafadas, chás, unguentos e simpatias. Por isso, também ficou conhecido como “doutor da floresta” em diferentes cidades das terras Tucujus – expressão oriunda de um grupo indígena que habitava essa região, e que atualmente é utilizada para se referir ao povo desse estado.


    Seguem as letras completas dos sambas-enredo vencedores da etapa do Amapá:


    SAMBA nº103


    Compositores: Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antonio 

    Neto, Clóvis Júnior, Marcelo Zona Sul

    Intérpretes: Verônica dos Tambores, Nina Rosa, Juan Briggs

    Sacaca escutei uma voz 

    Era você, no meio de nós

    Eu sou mangueira, na magia da floresta 

    A sabedoria que respeita a terra

    O vento sopra o transe do pajé 

    Rompe a meia-noite, é ritual turé 

    Fumaça de tawari, o xamã babalaô 

    Num gole de kaxixi encantos revelou 

    Maré me leva nas águas do curipi

    De quem sempre esteve aqui, waiãpis e caripunas 

    Pelo jari, esperança em cada olhar

    Ribeirinho nunca deixa de sonhar 

    Entre os furos e buritis

    Risca o amapazeiro, põe a seiva na cachaça

    Cura o corpo, curandeiro, benzedeira cura a alma! 

    Preto velho "engarrafou" riquezas naturais 

    "caboco" não se esqueça dos saberes ancestrais!

    Bebericando gengibirra com o mestre 

    "mar abaixo" "mar acima", a gente segue 

    Saia florida,"sá dona", no curiaú

    A fé "encruza" no "em canto" tucujú

    "é de manhã, é de madrugada" 

    "é de manhã, é de madrugada"

    Couro de sucuriju no batuque envolvente 

    Quilombola da amazônia jamais se rende!

    Eu vi... Em cada oração o corpo arrepiar 

    Bandeiras vibrando à luz do luar

    Tambores se encontram cantando em louvor 

    Senti os sabores, aromas e cores

    Nas mãos que moldam nossos valores 

    "meu preto", da mata és o griô!

    Ajuremou, deixa ajuremar

    O samba é verde e rosa e guia meu caminhar 

    Ajuremou, deixa ajuremar

    Cuidado, chegou mangueira, na ginga do Amapá


    SAMBA nº105


    Compositores: Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila Lopes, Silmara Lobato, Bruno 

    Costa

    Intérpretes: Bruno Costa, Silmara Lobato, Marcelo Stuart, Emerson Luise

    Turé...

    Quem invocou o ritual?

    Eu trago a força ancestral Do Povo da floresta 

    Banzeiro de memórias

    Navegam as histórias 

    Onde meu país começa

    Remei, Remei a maré me levou

    Pra revelar o que não vês a olho nu 

    Todo encanto Tucuju

    Tem mandinga verde-rosa 

    Na Estação Primeira 

    Mangueira vem sambar 

    Benzi tua bandeira

    Nesse "Rio" caudaloso de fé 

    Desce o morro banhada de axé

    Contra todo o mal tem garrafada 

    Ervas e Flores pra dores curar

    Tiro quebranto nas mãos sagradas 

    Lição de Preto Velho, Saravá!

    Xamã, Doutor, Guardião, Babalaô 

    Saberes vibrando no tambor

    Tem Marabaixo no "Encontro" ao luar... 

    Encantado folião na passarela

    Coroado Rei do Laguinho à Favela

    Mangueira chamou: "Sacaca!" 

    Minha voz ecoou na mata!

    O meio do mundo é a nossa aldeia 

    Incorporou! A Amazônia é negra!


    *Sobre a Estação Primeira de Mangueira:*


    O Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira (ou simplesmente Estação Primeira de Mangueira) é uma tradicional escola de samba brasileira da cidade do Rio de Janeiro conhecida e admirada em todo o planeta. A agremiação, que tem nas suas cores (verde e rosa) uma de suas marcas registradas, acumula 97 anos de glórias e de histórias e é uma das mais importantes instituições culturais do Brasil. Seus símbolos, o surdo, a coroa, os ramos de louros e as estrelas podem ser vistos na bandeira da escola. Tornou-se um celeiro de bambas que despontou e inspirou lindas obras decantadas em todo o mundo. Foi fundada em 1928, no Morro da Mangueira, pelos sambistas Carlos Cachaça, Cartola, Zé Espinguela, Tia Fé, Tia Tomásia, entre outros. Sua quadra está sediada no bairro do mesmo nome. Detém vinte títulos do carnaval. Atualmente, é presidida por Guanayra Firmino, primeira mulher eleita presidente da Mangueira. (https://mangueira.com.br/)





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