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Lu Carvalho faz sua estreia na Arena Carioca Fernando Torres,com canja de Almir Guineto
Lucia Mello em 22 de Agosto de 2014
A cantora Lu Carvalho se apresenta sábado, dia 23 de agosto, na Arena Carioca Fernando Torres, a partir das 21h. No show, "O Samba que eu sei", Lu traz como convidado especial o seu padrinho e sambista consagrado, Almir Guineto.
Acompanhada pelos músicos Álvaro Santos no pandeiro, Júlio Oliveira no surdo, Luiz Augusto na percussão geral, Gamarra no cavaquinho, Leandro Pereira no violão sete cordas e Alisson Martins no violão seis cordas, Lu traz um repertório de grandes sucessos como "Coisinha do Pai", do padrinho Almir Guineto, Jorge Aragão e Luiz Carlos, "Alma Boêmia", de Toninho Gerais e também composições próprias como "Quero mais é viver feliz", "Quero ter você" e "Feitiço do amor" em parceria com Leonardo Couto.
Lu Carvalho nasceu embalada pela música. Ela foi a musa inspiradora da cantiga "Luciana", ganhadora dos festivais nacional e internacional da canção, em 69, composta por Edmundo Souto e Paulinho Tapajós e interpretada por Evinha.
A paixão de Lu pelo samba nasceu cedo, do convívio direto com grandes sambistas e compositores. Desde criança começou a frequentar gravações, pagodes e rodas de samba do Rio de Janeiro, levada pelas mãos de sua tia Beth Carvalho É de Lu, por exemplo, uma das vozes do coro infantil de "Coisinha do Pai", na gravação original de Beth Carvalho. Nesses eventos, Lu conheceu bambas como Arlindo Cruz, Almir Guineto e Jorge Aragão entre outros que acabaram influenciando sua música diretamente.
Almir Guineto, seu padrinho musical, nascido e criado no Morro do Salgueiro, teve contato direto com o samba desde a infância, já que havia vários músicos em sua família. Seu pai Iraci de Souza Serra era violonista e integrava o grupo Fina Flor do Samba, sua mãe Nair de Souza, mais conhecida como "Dona Fia", era costureira e uma das principais figuras da Acadêmicos do Salgueiro, seu irmão Francisco de Souza Serra, mais conhecido como Chiquinho, foi um dos fundadores dos "Originais do Samba".
A sabedoria de trilhar o próprio caminho e escrever a própria história
Lu Carvalho cruza influências e vivências para encontrar o tom contemporâneo de seu primeiro CD, O samba que eu sei, gravado com participações de Arlindo Cruz, Diogo Nogueira e de Beth Carvalho, tia da debutante cantora e compositora carioca.
O samba é um dom natural de Lu Carvalho, aprimorado pela convivência privilegiada com sua tia, Beth Carvalho, uma das referências no Brasil de samba da melhor qualidade. Mas Lu Carvalho não fica na aba da tia consagrada neste seu primeiro CD, O samba que eu sei. A cantora e compositora carioca teve a sabedoria de trilhar seu próprio caminho para escrever sua própria história, cruzando influências e vivências na busca do tom contemporâneo deste disco produzido por Misael da Hora, filho do craque Rildo Hora. As programações e samplers pilotados com sutileza por Mauro Berman e Misael da Hora em Não me responsabilizo (Alceu Maia e Marcelo Guimarães) são indícios de que Lu Carvalho sabe que é preciso tocar samba com a linguagem de hoje sem abrir mão das percussões e do idioma típico do gênero.
A linguagem é a dos tempos modernos, mas está enraizada nas tradições do samba. O CD O samba que eu sei expõe os traços da história da artista - freqüentadora assídua das rodas e quintais do Rio de Janeiro (RJ) - no repertório quase inteiramente inédito selecionado pela cantora, que pôs os pés na profissão como backing-vocal dos shows e discos de Beth Carvalho. E é por isso - também - que a tia e madrinha artística de Lu figura no CD, cantando com a sobrinha Receita de prazer (Dayse do Banjo, Gerson da Banda e Rogerinho), composição que celebra as qualidades e os poderes do samba, na mesma linha da música que abre o disco, Devotos do samba (Rodrigo Leite e Sérgio Meriti).
Corta para 1979. Então com dez anos, a menina Lu entra no estúdio e grava participação emCoisinha do pai (Almir Guineto, Jorge Aragão e Luiz Carlos), samba lançado por Beth Carvalho no álbum No pagode (RCA, 1979). O registro seminal dá sentido à faixa-homenagem que encerra "O samba que eu sei". Na única regravação do disco, Lu recria Coisinha do pai como um acalanto, recuperando em tons suaves, calmos, o sentido original do samba. A regravação é homenagem tanto ao padrinho Almir Guineto - a quem o disco é dedicado - como à tia Beth Carvalho, responsáveis pelo contato precoce de Lu com o melhor samba produzido nos nobres quintais do Rio.
O convívio privilegiado com os bambas cariocas garantiu a Lu um repertório inédito digno de cantora já conhecida. Arlindo Cruz, por exemplo, figura duplamente como compositor na ficha técnica de O samba que eu sei. Teu sorriso é ouro, parceria de Arlindo com Rogê, é o samba com o balanço dos dias de hoje. Já Ah! Se eu soubesse - assinado por Arlindo com seu velho parceiro Franco - é samba fincado em alguma raiz das tamarineiras do Cacique de Ramos.
Com as raízes que a ligam à história do samba e as antenas ligadas para captar as cadências atuais, Lu Carvalho apresenta um disco equilibrado, com ênfase no samba romântico. "Só sei falar de amor e de alegria", sentencia a cantora, que também é intuitiva compositora, criadora de melodias e letras sem saber tocar um instrumento. "O samba que eu sei" apresenta três amostras da obra autoral de Lu Carvalho. Quero mais é viver feliz é exemplo do alto astral que pontua não somente o cancioneiro da lavra da artista, mas todo o disco. Quero ter você reitera a tonalidade romântica do samba de Lu com a presença de Diogo Nogueira, o jovem cantor de samba que conquistou o Brasil e que é amigo de Lu. Detalhe: Diogo é que escolheu a composição de Lu para gravar o dueto. Já Feitiço do amor é parceria de Lu com Leonardo Couto, seu empresário e um dos principais incentivadores da carreira da artista.
O samba que eu sei chega ao mercado em seu próprio tempo, na hora mais certa para Lu Carvalho. Mas a ideia da artista de gravar um disco com suas influências e vivências é mais antiga. Em 2002, a cantora começou a gravar aquele que seria seu primeiro disco. Mas engravidou do filho Rodrigo - hoje com 11 saudáveis anos - e abortou a ideia do CD, cujo único resquício é o já citado samba Não me responsabilizo (Alceu Maia e Marcelo Guimarães). E assim se passaram dez anos, como diz o título do bolero. Nessa década, Lu trabalhou como publicitária - trabalho que exerceu de 1997 a 2007 - e, depois, abriu loja de roupas (hoje fechada para dar passagem ao samba). A música entrou profissionalmente na vida da cantora novamente em 2 de agosto de 2011, data em que Lu fez show na casa carioca Bom Sujeito para comemorar seu aniversário.
Serviço:
Onde: Arena Cultural Fernando Torres
Show: Lu Carvalho - Participação Almir Guineto
Endereço: Rua Bernardino de Andrade, 200 - Parque Madureira
Telefones: 3495 3078/ 3495 3093
Capacidade: 1500 pessoas
Data e hora do show: 23 de agosto, sábado, às 21h
Ingresso: R$ 20,00 e R$ 25,00
Horário da bilheteria: de 2ª a sábado das 10h às 12h / das 14h às 18h
Não aceita cheques nem cartões de crédito ou débito
Faixa etária: 16 anos
Duração do show: 1h30