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  • Francesa vem ao Brasil todo ano só para tocar cuíca na Vila Isabel

    Lucia Mello em 20 de Fevereiro de 2009


    Foto Divulgação

    Rio - Em 1988, a Unidos de Vila Isabel celebrou a festa da raça, no enredo que entrou para a história do Carnaval carioca, ‘Kizomba’. Na bateria, uma francesinha de apenas 22 anos estreava na Avenida tocando cuíca. Há 20 anos, Leila Bennini troca o frio de Marselha, sua cidade natal, pelo calor de Vila Isabel, onde é cuiqueira.

    “Meu primeiro desfile na Vila foi um momento muito forte”, lembra a francesa que conheceu o ritmo brasileiro na França, quando integrou a primeira escola de samba da Europa, a ‘Unidos da Tia Nicia’, fundada por Nícia D’Ávila, na década de 80.
    Apaixonada pelo samba, Leila juntou dinheiro e veio para o Brasil. “Fui parar na Tradição, onde cheguei a ser destaque, mas queria mesmo tocar cuíca”.

    Até que viu a bateria de sua atual escola fechando um show de Martinho da Vila, na gafieira Asa Branca. “Ali vi a diferença e me apaixonei. No domingo seguinte já estava assistindo a um desfile na Rua Maxwell, era a época da Russa como presidente e conheci a família do Martinho”.

    Apesar da aproximação dos Ferreiras, a francesa enfrentou o preconceito dos ritmistas, afinal, não era comum mulher na bateria — muito menos uma estrangeira. “Conheci outra cuiqueira, Cristina Deane, que esperava há dois anos por uma chance”, conta.

    As duas se tornaram amigas e ensaiaram exaustivamente para mostrar que mereciam a chance, finalmente dada por Mestre Mug, diretor da bateria. Na hora do desfile, veio a surpresa. “Roubaram minha fantasia, mas o Martinho arrumou outra, enorme, e eu desfilei”.

    Hoje, Leila passeia pelo bairro de Noel e acena para os amigos com a intimidade de quem sabe o feitiço que a Vila tem. “Passei por dificuldades junto com a escola, quando não tínhamos lugar para ensaiar. Às vezes tenho saudades da simplicidade daquele tempo”, diz com a nostalgia comum aos velhos sambistas.

    Paixão pela folia passada de mãe para filha

    Leila vê agora sua história se repetir através de sua filha, Laura, que, aos cinco anos, estreou na escola mirim Herdeiros da Vila no ano passado. “Ela adora vir para cá, tem ritmo, quer ser rainha de bateria, madrinha da Herdeiros”, diverte-se.

    Apesar de tanto envolvimento, ela descarta a possibilidade de ficar de vez no Brasil. “Cheguei a pensar em morar por aqui, mas tenho meu trabalho, minha filha, o máximo que fiquei foram seis meses, mas era jovem e descompromissada”, diz a cuiqueira que, durante o resto do ano, dá aulas de percussão em Marselha.



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