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  • Executivo recolhe fortuna de 16 patrocinadores franceses para a Grande Rio

    Lucia Mello em 09 de Fevereiro de 2009

    Rio - Santo de casa não faz milagre, ainda mais em tempos de crise econômica. Para driblar a falta de patrocínio que assombra o Grupo Especial e conquistar o inédito título com o enredo sobre o Ano da França no Brasil, a Grande Rio depositou em um francês há 23 anos no País as esperanças para captar recursos. O gerente comercial Alexis de Vaulx, 46, foi além e virou um mecenas (antigos incentivadores das artes): conseguiu cerca de R$ 8 milhões, segundo um diretor da escola.

    O grande trunfo de Alexis foi o planejamento. “Iniciei o projeto em janeiro de 2008. Em abril, começou a captação. Se fosse hoje, seria impossível, por causa da crise. O dinheiro começou a entrar em junho e isso fez com que o barracão pudesse andar mais rápido”, explica. Para convencer as 16 empresas e entidades que injetaram recursos no desfile da Tricolor, Alexis revela que apelou para o ‘patriotismo’.

    “No início, até houve uma resistência, mas depois os empresários entenderam que o Carnaval seria uma boa oportunidade para o nome da França aparecer. Eles viram que o interesse nacional estava em primeiro lugar e toparam”. Para se ter uma dimensão do negócio, só da GDF Suez, Tractebel (ambas do setor energético) e Technip (petróleo), vieram ao todo R$ 2,5 milhões.

    Freqüentador da Sapucaí desde 1986, ele conta como fez a captação: “Dividi o projeto em cotas e pedi que metade fosse dada em dinheiro vivo e o resto, através da Lei Rouanet, a dos incentivos fiscais”. A contrapartida virá no marketing espontâneo que as empresas terão no camarote de quatro andares da escola no Sambódromo.

    Além de estamparem logotipos nas paredes e nas bolsas e camisas oferecidas pela Grande Rio, todas terão direito a área exclusiva para 600 pessoas no Domingo e na Segunda-feira de Carnaval e no Desfile das Campeãs, o Espaço França. Parte da verba será empregada nos projetos sociais da escola.

    Gringos vão invadir todo o Sambódromo

    Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

    Uma invasão francesa na Sapucaí. Assim será o desfile da Grande Rio, que 454 anos depois da primeira e fracassada tentativa de fixação em terras brasileiras — a França Antártica — abrirá espaço para a Corte de Luís XIV, o Rei Sol, já no primeiro setor. Em seguida, virá o luxo do Palácio de Versalhes, que abrirá passagem para a Revolução Francesa. As pinturas, os vinhos e os perfumes também terão espaço. A hegemonia nas áreas farmacêutica e automobilística serão lembradas. O desfile terminará com uma grande batalha de flores, em referência ao Carnaval de Nice.

    Empresários e políticos, como o prefeito de Nice, Christian Estrosi, e o cônsul-geral da França no Rio, Hugues Goisbault, estarão na Avenida. O ex-jogador Raí, que foi ídolo do Paris Saint-Germain, completa a lista.

    Alexis de Vaulx não revela a comissão cobrada pela transação (calcula-se algo em torno de 20% do montante), mas detalha aquela que seria a recompensa ideal pelo trabalho. “Fiz a França vir ao Brasil, já que em geral o brasileiro não tem chance de conhecer nosso país. Quero levar o título para Paris”, sonha o mecenas.

    Liga aposta em soluções criativas

    Se na Grande Rio o tempo é de bonança, nas outras o panorama preocupa. “Das 12 escolas do Grupo Especial, seis terão dificuldade. Por causa desse patrocínio, a Grande Rio vai poder fazer um grande Carnaval”, crê o carnavalesco Cahê Rodrigues. A opinião é compartilhada pelo presidente da Liesa, Jorge Castanheira, que reconhece a crise, mas diz que a qualidade do desfile não será afetada: “A variação cambial atrapalhou. Os materiais ficaram caros e patrocínios não vieram. Mas tenho certeza de que será a vez da criatividade falar alto. As escolas vão se superar”.

    O presidente da Grande Rio, Hélio de Oliveira, é um dos mais empolgados: “Nosso trabalho está adiantado e o desfile será luxuoso como pede o enredo. O patrocínio ajudou muito. Não podemos reclamar”. Cahê faz coro: “Nunca tive tanta tranqüilidade para preparar um grande desfile. Hoje, tenho 80% do barracão pronto e não preciso ficar virando noites nem trabalhar aos domingos”.

    Duas viagens para a França ano passado

    Cahê Rodrigues viajou duas vezes à França. Na primeira, em junho, foi ao Moulin Rouge convidar o elenco para participar do desfile. “Levei alguns figurinos e o desenho do carro alegórico. Foi um sucesso”, vibra Cahê, que conheceu os bastidores secretos do cabaré mais famoso do mundo. O segundo passeio foi em agosto, quando o artista conferiu o Museu do Louvre.

    O desfile não será só histórico. “A modernidade estará presente. Teremos essências que vão sair do último carro que vão encantar o público”, adianta Cahê. Ao todo, serão 33 alas, sete alegorias e 3.800 componentes. O carnavalesco não esconde a gratidão pelo trabalho de Alexis. Na festa de aniversário do francês, dia 17 de janeiro, com direito a bateria e mulatas da Grande Rio, Cahê pegou o microfone para fazer sua homenagem ao aniversariante: “Graças a este homem a nossa escola vai fazer um carnaval vitorioso. Devemos muito a ele”.



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