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• É escrita sem censura’! Parceria de Hamilton Fofão vence samba no Império Serrano em homenagem à Conceição Evaristo

  Redação em 21 de Outubro de 2025
  
  
  

  Reizinho tem samba definido para a disputa da Série Ouro em 2026; noite é marcado por emoção e homenagens

  O Império Serrano definiu, no início da manhã deste domingo (19), o samba-enredo que representará a escola no Carnaval 2026. A parceria liderada por Hamilton Fofão, do Samba 9, foi a grande vencedora da disputa e será o hino do enredo "Ponciá Evaristo Flor do Mulungu", homenagem à escritora mineira Conceição Evaristo, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves para a Série Ouro.

  A decisão, realizada na quadra da agremiação em Madureira, reuniu quatro parcerias finalistas e contou com uma homenagem especial ao compositor Aluisio Machado, maior vencedor de disputas de samba-enredo da história do Império Serrano. O troféu entregue à parceria campeã leva, inclusive, o nome do artista.

  Com uma apresentação marcada pela emoção e pela força do canto da comunidade, o samba de Hamilton Fofão, Dudu Senna, Leandro Maninho, Cláudio Russo, Lico Monteiro, Jorginho da Flor, Silvio Romal e Marco Aurélio conquistou o público e o júri, sendo consagrado como o hino imperiano para o próximo carnaval.

  Confira a letra do samba-enredo campeão:

  Sou eu, a flor do mulungu

  Brilham os olhos d'água

  Orayeyê! É de mamãe Oxum!

  Sou Ponciá consagrada

  Entregue às palavras e ao axé das ancestrais

  Se tempos atrás ecoavam vozes do porão

  Hoje reescrevo a história

  Poesia a despertar nas pretas mãos

  Nos becos da minha memória

  Meu verbo é ouro de aluvião

  Meu verso é barro de artesão

  Pra Folia de Reis, chama vô e chama tio

  Na Folia de Reis, vou vivendo por um "Fio"

  Ô Lê Lê, lá vem batuque, pra cangira começar

  Angorô, vira menino! Angorô, não vou virar!

  Não é fácil emergir nesse contraste

  Benevuto, a maldade, não quer me ver sorrir

  No refúgio desses becos e vielas

  De mãos dadas com Sabela

  Eu só quero ser feliz

  O Rio que me acolheu me ensinou também a florir

  Vi muita gente de lá no rosto negro do povo daqui

  Sou eu quem dá voz à caneta que silencia o fuzil

  Me torno imortal no livro Brasil!

  Malungo! Que Negro-estrela possa ser reconhecido

  Sem o choro de um futuro interrompido

  Por todo preto, escreviver!

  A gente combinamos de não morrer! (Combinamos de não morrer!)

  É Kizomba de preta literatura!

  É escrita sem censura no Império a florescer!

  Casa de preto também é academia

  Serrinha! Ponciá Yalodê!

  Em busca do título da Série Ouro, o Império Serrano será a quarta escola a desfilar no dia 14 de fevereiro, sábado, na Marquês de Sapucaí.

  Fotos: Gabriel Belmiro