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  • Duelo de gerações: Monarco e André Diniz debatem os sambas-enredo no CCBB

    Lucia Mello em 20 de Junho de 2011

    Compositores formam a mesa do segundo encontro promovido pelo seminário “Carnaval, que festa é essa?”
    Depois da bem-sucedida estreia em maio, com a presença dos carnavalescos campeões Renato Lage e Rosa Magalhães como palestrantes, o seminário “Carnaval, que festa é essa?” segue com sua programação e, nesta terça-feira, 21, terá mais dois grandes nomes do samba na mesa de debates.
    Compositores consagrados, Monarco (líder da Velha Guarda da Portela) e André Diniz (vencedor de 12 disputas de samba na Vila Isabel) se encontrarão no Centro Cultural Banco do Brasil e, a partir das 18h30, conversarão, entre outros temas, sobre os hinos escolhidos para embalar os componentes das escolas de samba cariocas. As letras dos sambas-enredo atuais, cada vez mais cheios de expressões como “maravilha” e “beleza”, a riqueza das melodias, o processo de criação das composições e a acirrada disputa dos sambas nas quadras das escolas estão entre os tópicos a serem abordados pelos sambistas.
    Aos 38 anos, André Diniz venceu a primeira disputa de samba no Grupo Especial em 1994, na Vila Isabel, e desde então não parou mais de produzir. Ciente de que muitos críticos afirmam que os sambas de hoje são menos ricos no quesito poesia e menos melódicos do que os criados para os desfiles de antigamente, Diniz defende os compositores de sua geração e diz que boa parte das críticas é reflexo de certo saudosismo.
    Autor consagrado da Vila Isabel diz que sambas atuais também são românticos
    - Nós, da nova geração, acabamos sendo o símbolo da decadência para esses que falam mal. Quando dizem que os sambas ficaram ruins, acho que é saudosismo. Hoje, já me considero um veterano, mas não acho os sambas de agora menos românticos que os de antigamente. Os compositores são a maior vítima do processo. Todo mundo julga, diz que o samba é corrido, que é isso, é aquilo... – lamenta Diniz, que atribui aos enredos propostos pelas escolas o aumento do grau de dificuldade na elaboração das letras dos sambas:
    - Hoje, você tem que falar de 15 assuntos num mesmo samba, que só tem 28 versos. No carnaval da Vila Isabel desse ano, por exemplo, o enredo era cabelo. Eu tinha que falar de Shiva, Sansão e Dalila, Cleópatra, Meduza, beleza, o cuidar dos cabelos, etc. É muita coisa pra falar em poucas linhas. Não é apenas uma história que você pega e disseca. São vários assuntos que você precisa transformar num só – argumenta o compositor, que além de escrever sambas é professor de História.
    Monarco diz que os sambas atuais são descartáveis
    Setenta e sete anos de história e autor de clássicos como “Passado de Glória” e “Coração em Desalinho” (esta composta em parceria com Ratinho de Pilares), Monarco diz que entende e respeita a opinião de cada um. Mas, conservador, admite que prefere, sim, os sambas de outrora e classifica os que hoje fazem sucesso como descartáveis.
    - Cada um tem seu ponto de vista, mas é só reparar que quando uma escola de samba desfila no sábado das campeãs, por exemplo, o componente já não sabe mais o samba. Passa o carnaval, ninguém lembra a letra nem a melodia. O samba ficou muito descartável. Tem muita coisa que não faz bem aos meus ouvidos, muita coisa repetitiva – afirma o ilustre portelense.
    E, se André Diniz considera saudosista quem defende os sambas antigos, Monarco concorda e reitera o saudosismo. Bons tempos, para ele, eram aqueles em que um compositor, ao ver ser cantado na quadra da escola um samba melhor que o de sua autoria, retirava a composição da disputa em benefício da agremiação.
    - Eu mesmo fiz isso quando vi um samba de Candeia melhor do que o meu. Antigamente, essa era uma prática comum. Hoje, o cara tá com um samba ruim à beça, mas leva 10 ônibus com torcida para a quadra, é amigo da mulher do presidente e ganha o samba. Nos bons tempos, o camarada que ouvia um samba melhor que o dele pulava fora e enfiava a viola no saco – conclui Monarco.
    Quem quiser acompanhar o desenrolar do debate, que será mediada pelo escritor Luiz Antonio Simas (coautor do livro “Samba de enredo – história e arte”), deve chegar cedo ao CCBB, pelo menos até uma hora antes do início do seminário, e retirar a senha, gratuitamente, na portaria principal.
    Sob a curadoria do jornalista Aydano André Motta e com produção da Verso Brasil Editora, “Carnaval, que festa é essa?” terá edições até novembro, à exceção de julho, quando não haverá debate. Entre os convidados confirmados para os próximos encontros, estão o antropólogo Roberto da Matta, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Castanheira, o economista Carlos Lessa e a porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, Selminha Sorriso.
    Pocket show: grupo Coisa & Tal animará os encontros
    Além de acompanhar as palestras, que terão sempre uma hora e meia de duração, quem for ao seminário “Carnaval, que festa é essa?”ainda terá a oportunidade de conferir um pocket show de samba comandado pelo grupo Coisa & Tal, composto por músicos talentosos, entre eles Marina Iris (voz), Diogo Sili (violão) e Tomaz Miranda (cavaco). A apresentação ainda contará, a cada edição, com a participação de uma passista, que juntamente com os integrantes da banda ficará encarregada de enfeitar com música e ritmo os encontros do evento. Tudo dentro do objetivo maior, de cultivar e valorizar ainda mais a cultura brasileira.
    Confira a programação completa de “Carnaval, que festa é essa?”:
    Data: 21 de junho (terça-feira)
    Horário: 18h30
    Tema: O ritmo do carnaval
    Palestrantes: Monarco (cantor e compositor portelense) e André Diniz (professor e compositor)
    Mediador: Luiz Antonio Simas (escritor)
    Entrada: gratuita (retirada de senha 1 hora antes do início do evento)
    Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
    Teatro  I  - Capacidade: 172 lugares
    Informações: (21) 3808-2020 / bb.com.br/cultura / twitter.com/CCBB_RJ / www.versobrasil.com.br
    Data: 16 de agosto (terça-feira)
    Horário: 18h30
    Tema: O chão do samba
    Palestrantes: Selminha Sorriso (porta-bandeira da Beija-Flor) e Nilce Fran (coordenadora de passistas da Portela)
    Mediador: Aydano André Motta (jornalista e roteirista do documentário “Mulatas! Um tufão nos quadris”)
    Entrada: gratuita (retirada de senha 1 hora antes do início do evento)
    Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
    Teatro  I  - Capacidade: 172 lugares
    Informações: (21) 3808-2020 / bb.com.br/cultura / twitter.com/CCBB_RJ / www.versobrasil.com.br
    Data: 20 de setembro (terça-feira)
    Horário: 18h30
    Tema: Samba como economia da cultura
    Palestrantes: Jorge Castanheira (presidente da Liesa) e Carlos Lessa (economista e filósofo)
    Mediador: Sérgio Besserman (economista e ex-presidente do IBGE)
    Entrada: gratuita (retirada de senha 1 hora antes do início do evento)
    Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
    Teatro  I  - Capacidade: 172 lugares
    Informações: (21) 3808-2020 / bb.com.br/cultura / twitter.com/CCBB_RJ / www.versobrasil.com.br
    Data: 18 de outubro (terça-feira)
    Horário: 18h30
    Tema: A primeira batucada
    Palestrantes: Nei Lopes (cantor e compositor) e Maria Augusta (professora e carnavalesca)
    Mediador: Fernando Molica (jornalista e escritor)
    Entrada: gratuita (retirada de senha 1 hora antes do início do evento)
    Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
    Teatro  I  - Capacidade: 172 lugares
    Informações: (21) 3808-2020 / bb.com.br/cultura / twitter.com/CCBB_RJ / www.versobrasil.com.br
    Data: 22 de novembro (terça-feira)
    Horário: 18h30Tema: Carnavais, malandros e heróis
    Palestrantes: Roberto DaMatta (antropólogo e escritor) e Maria Laura Cavalcanti (antropóloga e escritora)
    Mediador: Rosa Maria de Araújo (presidente do Museu da Imagem e do Som)
    Entrada: gratuita (retirada de senha 1 hora antes do início do evento)
    Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
    Teatro  I  - Capacidade: 172 lugares
    Informações: (21) 3808-2020 / bb.com.br/cultura / twitter.com/CCBB_RJ / www.versobrasil.com.br



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