NOTÍCIAS / Tudo sobre Samba
-
Com a bênção da bateria
Lucia Mello em 02 de Março de 2009
Cansado após tocar com os ritmistas da Portela e do Salgueiro, prefeito Eduardo Paes dá bolo na comemoração do aniversário da cidade no Cristo Redentor, onde o arcebispo do Rio o esperava
Christina Nascimento e Élcio Braga
Rio - A festa do 444º aniversário do Rio comemorada, ontem, aos pés do Cristo Redentor, não foi páreo para os encantos da Marquês de Sapucaí. Depois de uma noite animada no desfile das escolas de samba campeãs, com direito a participação nas baterias da Portela e do Salgueiro, o prefeito Eduardo Paes não teve vigor físico para subir o Corcovado e assistir à tradicional missa de bênção à cidade.
O padre Omar Raposo, que fez a celebração, contou que chegou a ligar para o prefeito às 6h, mas só conseguiu falar com a assessor. E com dificuldade, porque o “som da Avenida” atrapalhou a conversa.
“O som (da bateria) estava muito alto e atrapalhou minha conversa com o assessor, que estava ao lado dele. Eu sei que o prefeito estava com vontade de vir, esboçou um desejo imenso e mandou até que a gente rezasse por sua gestão. Ele estava tão cansado que nem iria para a casa, na Barra da Tijuca. Descansaria no Palácio da Cidade, em Botafogo. Ele é nosso amigo. Quando ganhou as eleições, veio aqui na capela e assistiu a uma missa com a família”, disse o pároco, que perdoou a ausência do prefeito-folião.
O cardeal-arcebispo do Rio, Dom Eusébio Scheid, que deixa a Arquidiocese em abril, cortou o primeiro pedaço de bolo e deu a bênção à cidade. A banda da Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca (Sarca) animou a festa. Cerca de mil turistas assistiram à celebração. A presença do prefeito no Corcovado havia sido confirmada na sua agenda oficial.
Para não fazer feio mais cedo, Paes se preparou com aulas particulares de agogô. “Mandamos um ritmista da escola para dar aulas na prefeitura. Ele está no ponto”, disse o Mestre Nilo Sérgio, da Azul-e-Branca. Com uma disposição invejável, o prefeito ficou na segunda fileira de instrumentos, logo atrás da rainha de bateria, Luma de Oliveira. Ele seguiu por toda a pista, distribuindo sorrisos e acenos. “Já toquei em várias baterias, mas sempre agogô e repique”, explicou.
No desfile do Salgueiro, que entrou na Avenida depois das 3h, Paes, de calça, blusa branca e chapéu, pegou um chocalho e se juntou aos ritmistas no segundo recuo da bateria. Ele chegou a dançar com a rainha Viviane Araújo.