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• Baterias com 'identidade'

  Lucia Mello em 19 de Fevereiro de 2009
  
  
  

  Ritmistas dão nome para suas alas para reforçar auto-estima. Oito dos 12 grupos foram batizados
  
  
  

  

  Rio - Para brilhar na Sapucaí e lutar pelas notas 10, não basta mais ter nome. É preciso ter sobrenome: mestres de bateria da elite vêm batizando sua ala para dar mais identidade ao grupo. Só este ano, oito escolas resolveram colocar apelidos.

  Na Porto da Pedra, cuja bateria se chama ‘Ritmo Feroz’, numa alusão ao tigre, símbolo da escola, a idéia partiu dos ritmistas. “Achei excelente! Dá mais auto-estima pro componente. Até o puxador brinca nos ensaios”, revela Thiago Diogo, herdeiro de Mestre Louro.

  Na Mocidade Independente de Padre Miguel, a bateria ‘assina’ ‘Não Existe mais Quente’, numa referência ao clássico de Elza Soares. A Imperatriz adotou ‘Swing da Leopoldina’. Maestro da ‘Tabajara do Samba’, como é conhecida a bateria da Portela, Nilo Sérgio conta que faz questão de preservar o nome dado por Ary Barroso, na década de 60, comparando os músicos da orquestra de Severino Araújo com os da Azul-e-Branca.

  “A Tabajara é a maior orquestra do Brasil. Ficamos orgulhosos de carregar esse nome”, admite. Na Unidos da Tijuca, Casagrande é o responsável pela ‘Pura Cadência’, enquanto no Império Serrano Átila faz sucesso com a ‘Sinfônica do Samba’.

  No Salgueiro, a ‘Furiosa’ é homenageada no refrão do samba deste ano. Após três meses internado, Mestre Taranta, da Mangueira, comandará 300 homens e ressalta, com orgulho, o nome de sua bateria: ‘Tem que Respeitar meu Tamborim’.

  Há 11 anos na Beija-Flor, Mestre Paulinho vê com bons olhos o modismo, apesar de não aderir. “Nunca fiz questão. Trato todos como parentes e nunca precisei inventar nenhum nome”. Mestre Ciça, há 10 anos na Viradouro, faz coro. “Já quiseram botar nome, mas não deixei. Não faz diferença nenhuma”, analisa Ciça.