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  • Alegria da Zona apresenta sinopse do enredo "Ogum"

    Lucia Mello em 27 de Abril de 2015

    A escola de samba Alegria da Zona Sul apresentou na quinta-feira, 23, na feijoada de São Jorge, a sinopse do enredo "Ogum", que será desenvolvido pelo carnavalesco Marco Antônio Falleiros. Os compositores agora devem ficar atentos ao calendário já que na próxima quinta-feira, 30 de abril, e 21 de maio, haverá a explanação do tema no Clube dos Portuários, às 20 horas. Já no dia 11 de junho, será a data de entrega das obras e, no dia 13 do mesmo mês, apresentação dos sambas-enredo.
    O regulamento e as dúvidas com relação a sinopse poderão ser tiradas com o diretor de Carnaval, Gustavo Barros, no telefone 964330554, email luizbarros.claro@gmail.com, e supervidor Maurício Dias, no 970156646, email santanadias@hotmail.com. Os compositores que tirarem a sinopse pela internet precisam também conhecer o regulamento, que pode ser solicitado com a direção da agremiação.
    A tarde, animada por Betinho do Cavaco e convidados, recebeu personalidades do samba e componentes de outras agremiações que foram saborear a feijoada em homenagem a São Jorge, padroeiro do Alegria da Zona Sul. A ala de passistas presentou os convidados com uma coreografia e dança reverenciando o orixá Ogum, senhor das ferramentas e batalhas.
    O presidente Marcus Vinícius explicou que o enredo é de autoria dele, pois é devoto de São Jorge e Ogum. Ele disse que apesar das dificuldades em fazer o carnaval de 2015, pediu forças aos santos protetores e conseguiu colocar a escola na avenida. "Tenho um respeito ao orixá Ogum, além de ser devoto de São Jorge. Este ano decidi fortalecer a equipe para brigar pelo campeonato. Agora com apresentação da sinopse espero um samba forte como o tema do enredo. O Alegria vai chegar para consquitar o primeiro lugar em 2016", adiantou.
    Na ocasião, foi apresentada a equipe do Carnaval 2016: carnavalesco Marco Antônio; intérprete Tiganá; primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Wanderson Orelha e Bárbara Falcão; segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Willian e Amanda; terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Juliano e Jennifer; diretor de Carnaval Gustavo Barros; supervisor Maurício Dias; diretor da ala de passistas Igor Martins; coreógrafo Jardel Lemos; diretor de destaque Hugo Silva; pesquisador Diego Araújo; mestre da bateria Show de Ritmo Esteves; diretores de harmonia Carlos Jorge e Uillian Esteves; assessora de
    imprensa Adriana Vieira; e diretores da ala das baianas tia Diva, Luciana e Lula Santana.
    Confira a sinopse do Alegria da Zona Sul
    Justificativa
    O Grêmio Recreativo Escola de Samba Alegria da Zona Sul, orgulhosamente apresenta seu enredo para o Carnaval 2016.
    Ogum, senhor das batalhas e da metalurgia. Rei de Irê. Aquele que é incansável, e que guarda o mundo em sua caminhada. Ogum, que veio d’África com a religiosidade de nossos ancestrais. Ogum sincretizado com a imagem de São Jorge. Símbolo de fé, fé que não deixa desistir.
    Neste congraçamento entre homens e a força de um orixá, o samba curva-se diante da magnitude da narrativa lendária de uma das principais divindades do panteão religioso yorubá, e o saúda: “Patakori Ogum” – Salve o grande guerreiro, o mais venerado, dono de minha cabeça.
    Ogum, senhor dos caminhos, através deste enredo formamos nossa prece. O Cantagalo, o Pavão e o Pavãozinho clamam a sua presença ao ressoar dos tambores vermelho e branco. Evocamos-te neste momento para abençoar as vozes da nossa gente guerreira, que nesta noite se espelha em sua figura na busca pela conquista deste carnaval.
    Ogum! Senhor de nossa fé.
    Ogum! É tua força que nos guia.
    Ogunhê!
    Canta o povo com Alegria!

    Sinopse
    Abençoado seja o berço da humanidade,
    Gênese de divindade universal,
    África de nossos ancestrais...
    De onde ecoam as vozes que falam sobre o princípio das coisas. Quando tudo que havia abaixo do Orun era apenas um pântano, e os caminhos até aquele local eram fechados por densa mata.
    Oduduá então mandou chamar seus filhos,
    Ogum para os caminhos abrir,
    Exu para os caminhos bem guardar,
    E assim poder criar...
    O Ayê, a terra firme. Matizando cores, inebriando os olhos. Surgiram animais, plantas, rios e os mares. Yemanjá, proveu a vida nas águas. Oxóssi ensinou a criar animais, caçar e plantar. Surgiram os primeiros seres humanos, que aprenderam com os deuses a dinâmica da vida.
    E o Ayê despertou a curiosidade do guerreiro,
    Ogum tinha pulsante liberdade na essência,
    Espada na mão, ele pôs-se a caminhar...
    Em suas andanças movidas pela curiosidade, Ogum descobriu a riqueza dos minerais que afloravam da terra. Compreendeu na natureza que o calor do fogo os aquecia, e transformava alguns em líquidos incandescentes, que ao se resfriarem tomavam forma do curso traçado no chão.
    Era o surgimento do ferro no ventre da terra,
    O advento sagrado da dobra dos metais,
    A forja, metalurgia, ousadia, tecnologia...
    Ogum criou uma grandiosa forja que era alimentada e soprada por sua esposa Yansã. Invenção admirada e repudiada nas mãos daquele que se tornou o primeiro ferreiro. Dessa forma foram produzidas as primeiras ferramentas de metal, inclusive as que eram utilizadas pelos orixás.
    Apesar disso Ogum queria mais,
    Caminhou por diversos lugares e conquistou reinos,
    Guerreou, venceu, ratificou laços de amizade...

    Por onde passava sua beligerância alimentava a fama que o tornou um grande conquistador. Oxaguiã, um jovem rei que ouvira falar de Ogum, passou a acompanha-lo por todos os cantos, pois admirava sua vontade de conquistar. Formaram grande amizade, e enquanto Ogum destruía na sua conquista, Oxaguiã reconstruía.
    O bom coração também o guiava,
    Salvou o povo de Elejigbô da fome e da morte,
    Seu nome correu mundo, sua nobreza era respeitada...
    Soberano, “Onirê”! Coroado com o “Alakorô”, o símbolo do senhor dos domínios do grande Reino de Irê. Vitorioso, Ogum desejava mais, deixou um dos seus filhos no trono e voltou a caminhar pelo mundo, reuniu um grande espólio de guerra. Reinos, escravos, riquezas incontáveis.
    Saudoso, Ogum decide retornar para Irê,
    Quando chegou havia silêncio total,
    Contrariado derrama sua ira sobre o reino...
    Quando descobriu que o silêncio eram votos pelo seu retorno em perfeito estado, Ogum decidiu que era chegado o tempo de baixar as armas e descansar. Desta forma, fincou a espada na terra e nela sumiu. Ogum então retornou para o Orun.
    Sua gente e seus filhos aqui ficaram,
    Ogum não fora esquecido,
    Sua imagem e feitos viraram crença...
    Eternizada nos ritos que o celebram, e que vieram para o Brasil durante a diáspora humana dos povos d’África. Em senzalas, quilombos e fundos de quintais, a reunião dos negros para praticar seus costumes religiosos promoveu a fundação religiosa do Candomblé.
    Mesmo proibida e perseguida, a fé foi mantida,
    Bravamente os rituais resistiram ao tempo,
    Até que os tambores ressoaram com liberdade...
    Louvando o panteão das deidades ancestrais chamadas Orixás. O “Ajudun” marca o grande festejo que reúne o povo de santo nos terreiros. É o chamado para mais uma vez estar na presença dos deuses.
    E o ritual pra louvar Ogum é feito com todo carinho,
    Feijão preto no dendê e inhame ofertados,
    Mariwô desfiado pras suas vestes,
    Folhas pra trazer axé...
    Ao Xirê, momento de evocação das divindades. Quando o toque dos tambores ressoa o “Adarrum”, é clamada a presença de Ogum entre seus devotos. Cânticos entoados, reverências feitas: “Ogunhê” – “Patakori Ogum”, saudando o poderoso deus, que está mais uma vez entre os seres humanos.
    E na luz da fé que sincretizou imagens e ritos,
    Ogum é São Jorge e São Jorge é Ogum,
    Devoção que se fez religião...
    Esteio de nossa gente, que crê no orixá e no santo ao mesmo tempo. Fé que se transforma força para enfrentar as adversidades impostas pela vida. Fé que ilumina. Fé que guia essa gente guerreira.
    Que traz nas veias a bravura pulsante,
    No olhar a vontade de vencer,
    Na voz a força...
    Que exalta a divindade em noite de magia,
    Ogum abençoa, guarda e guia,
    Canta o povo com Alegria!

    Glossário
    Palavra Significado
    Orun Céu
    Ayê Terra
    Onirê Rei de Irê
    Alakorô Pequena coroa
    Ajodun Festejo
    Xirê Roda
    Ogunhê/Patakori Saudação à Ogum



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