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Efeitos e coreografias são a marca do carnavalesco Paulo Barros que ousa e impressiona a Passarela do Samba
Redação em 12 de Fevereiro de 2016
Sem conquistar o título do Carnaval carioca desde 1984, a Portela entrou na avenida ansiosa para voltar ao topo do pódio. E, para isso, lançou uma boa cartada: a contratação do carnavalesco Paulo Barros, um artista marcado pela ousadia. O artista colocou, logo na abertura da apresentação, três paraquedistas planando sobre a Sapucaí e aterrissando na avenida, à frente da escola, sob ovação do público.
Quarta escola do Carnaval 2016 do Rio de Janeiro a passar pela Marquês de Sapucaí, já na madrugada desta terça-feira (9), a Portela trouxe o enredo "No Voo da Águia, uma Viagem Sem Fim" com a marca pop do carnavalesco, saudando a águia, símbolo da escola, que fez uma viagem por toda a história da humanidade. "Foi excepcional. Saiu tudo como eu imaginava. A Portela trouxe a fênix e a escola se transformou de novo na Portela", disse Paulo Barros, ao fim do desfile.A comissão de frente da Portela trouxe um elemento alegórico com 30 toneladas de água em um tanque, onde Netuno flutuava sobre jatos de água --usando o chamado "flyboard"
Um dos destaques do desfile, a comissão de frente relembrou a "Odisseia" de Homero e veio com 14 bailarinos e um elemento alegórico com 30 toneladas de água em um tanque, onde Netuno flutuava sobre jatos de água --usando o chamado "flyboard". O bailarino Lucas Camilo, 19, calcula que subiu e desceu cerca de 18 vezes no carro. A comissão de frente começou a ensaiar em outubro. "É um sonho lindo. Mais que perfeição. A recepção do público é uma coisa inexplicável", disse ele, que desfilou pela primeira vez.
Logo atrás, veio outro momento de impacto preparado por Barros: sobre a águia, símbolo da escola, Moisés abria o mar Vermelho --representado por integrantes com estandartes de tecidos azuis-- e o atravessava até chegar ao Monte Sinai, onde a ave pousava. Após um abre-alas representando o Egito Antigo, com a dançarina Gracyanne Barbosa entre os destaques, a escola lembrou no segundo carro os grandes navegadores --vikings, chineses, portugueses e espanhóis-- com um navio que oscilava de um lado para o outro, com acrobatas saltando entre mastros e velas.
Outra alegoria impressionou com um Gulliver (personagem de "As Viagens de Gulliver") de 18 metros, que começava deitado e era erguido, com integrantes que ficavam pendurados, interpretando o minúsculo povo liliputiano do livro de Jonathan Swift. Luciana Souza, bailarina que tem experiência em rapel e escalada, foi uma das dez integrantes a ficar penduradas. "Medo é uma coisa que não existe. Ensaiamos desde setembro para que tudo saísse perfeito e saiu até melhor do que imaginávamos. A gente já sabia que ia causar impacto na avenida, por isso a gente botou o sangue".
O setor homenageava as viagens da imaginação, da ficção e da literatura. Em outro carro, as viagens espaciais foram lembradas, valendo-se de uma homenagem ao seriado "Perdidos no Espaço", com direito a um drone que voava de um carro a outro. Com uma outra alegoria inspirada no filme "Jurassic Park", a azul e branco enfocou a busca arqueológica de vestígios, rastros e fósseis dos tempos pré-históricos. Nas laterais, integrantes vestidas de arqueólogas eram engolidas por tiranossauros, em um efeito muito divertido.
A marca registrada de Paulo Barros, os carros coreografados, apareceu com força no quinto setor, em uma alegoria representando um templo pré-colombiano todo em dourado, com integrantes também com os corpos pintados de dourado, onde era encenada uma luta com um conquistador espanhol, que caía do alto do carro.
O desfile passou ainda pelas viagens pelos ambientes extremos das geleiras e desertos e buscas lendárias, como a pelo Santo Graal e as Minas do Rei Salomão, para encerrar representando as viagens ilimitadas e infinitas possibilitadas pela internet.
Depois de impressionar o público em diversos momentos, a Portela encerrou a apresentação aos gritos de "é campeã".