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  • Beija-Flor desfila com enredo pouco popular em busca do bicampeonato

    Lucia Mello em 11 de Fevereiro de 2016

    Campeã em 2015, a Beija-Flor foi cercada no ano passado por muita polêmica com o seu enredo patrocinado sobre a Guiné Equatorial. Para o Carnaval 2016, a azul e branca de Nilópolis optou por um homenageado menos polêmico, mas também com pouco apelo popular: Cândido José de Araújo Viana, o próprio marquês de Sapucaí, que dá nome à passarela do samba. 


    O enredo "Mineirinho Genial! Nova Lima, Cidade Natal. Marquês de Sapucaí, o Poeta Imortal" contou a história do político carioca, que foi ministro da Fazenda e da Justiça do Império, conselheiro de estado, deputado, presidente de província e senador. Sem patrocinadores neste ano, a escola entregou um desfile cheio de brilho e luxo, mesmo com fantasias mais leves, menos plumas e abusando de materiais alternativos. Por outro lado, o enredo não chegou a empolgar o público. 


    Madrinha da escola, a atriz Cláudia Raia comemorou 30 anos desfilando pela Beija-Flor. "Tenho muito orgulho de ser madrinha dessa escola maravilhosa. Tenho um respeito muito grande pela comunidade de Nilópolis. A organização não tem para ninguém. Rumo ao bicampeonato", disse à atriz, sorridente, enquanto posava para fotos com fãs. 


    A comissão de Carnaval --formada por Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos, André Cezari, Bianca Behrends e Claudio Russo-- apostou na narrativa histórica para tentar seduzir jurados e público. "Nosso enredo tem o propósito de lançar luz sobre um personagem tão importante, mas ignorado pelos livros escolares", explicou Behrends. 


    A comissão de frente encenou a passagem dos escravos para a liberdade ao ganharem asas de beija-flor, lembrando a influência que marquês de Sapucaí teve na educação da princesa Isabel, que mais tarde assinaria a abolição da escravatura. Lembrando a opulência do período barroco em Minas Gerais, época e local do nascimento do marquês, o primeiro setor da escola de Nilópolis apostou no dourado, abrindo com um tripé logo à frente do abre-alas, trazendo a ave símbolo da Beija-Flor. O ouro também esteve presente nas fantasias das baianas, posicionadas bem no início do desfile. 


    Personagens já históricos do Carnaval carioca, a porta-bandeira Selminha Sorriso e o mestre-sala Claudinho, que já somam 25 anos de parceria, foram muito aplaudidos ao evoluírem em frente aos setores 12 e 13, os últimos do sambódromo. "É uma forma de reconhecimento para o público. Cada ano dá um friozinho na barriga porque somos humanos", comentou Selminha. "Minha fantasia é de colombina, que sempre foi meu sonho. Dessa vez consegui realizar". 


    À frente da bateria, a rainha Raíssa de Oliveira, há 14 anos na escola, representou a nobreza da corte. "Minha preparação é rezar, fazer uma oração, me benzo e entro com o pé direito", contou ela, na concentração. Além das musas, os ritmistas tiveram companhia de violinistas da orquestra da favela da Maré, que tocaram durante o desfile. 

    No segundo setor, a Beija-Flor abusou do luxo para lembrar do ciclo do ouro em Minas Gerais, sobretudo nas cidades da região de Congonhas de Sabará, atual Nova Lima, terra natal do homenageado. Em seguida, o desfile passou à biografia do marquês de Sapucaí, enfocando sua formação acadêmica com um carro que representava seus estudos na prestigiada Universidade de Coimbra, em Portugal, onde se formou em direito aos 21 anos. 


    A escola relembrou também a atuação política do homenageado, que ganhou a alcunha de "O Executivo do Império" --além de seus cargos no legislativo, foi presidente das províncias de Alagoas e Maranhão e o único homem a ser ministro em quatro pastas durante o período imperial. As principais províncias onde o marquês atuou --Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro, Maranhão e Bahia--, também tiveram espaço no desfile. A faceta artística do homenageado, que era músico, poeta, compositor e professor ganhou espaço no sexto setor. 


    Encerrando o desfile, a passarela do samba --que é o motivo pelo qual o nome do marquês de Sapucaí ainda é lembrado hoje-- foi homenageada com um carro nas cores da escola, cheio de beija-flores e espelhos, relembrando os momentos marcantes da trajetória da própria agremiação, primeira a ser campeã neste local de desfiles, em 1978, e também maior campeã da Sapucaí, com 11 de seus 13 títulos obtidos nesse palco. 


    Na dispersão, o carnavalesco Fran Sérgio disse que o desfile saiu como esperava. "A escola foi bem técnica e teve muita emoção, uma alegria contagiante. O destaque na busca pelo bicampeonato é a garra da comunidade" 




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